Título: Aliado se recusa a receber denúncia contra Renan
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2007, Nacional, p. A6

O novo presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC), recusou-se a receber o deputado Chico Alencar (RJ) e o senador José Nery (PA), ambos do PSOL, que o procuraram para entregar a representação do partido contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O PMDB abriu mão do direito conferido à maior bancada de comandar o conselho, entregando o posto ao petista aliado para passar a imagem de isenção no exame da representação contra Renan. Não conseguiu. No início da noite de ontem, os dois parlamentares do PSOL foram surpreendidos com a recusa de Sibá em recebê-los.

'A gente quer do Sibá isenção e não espírito de corporação', protestou Chico Alencar, inconformado com o 'mau sinal da porta fechada' e da 'desculpa da secretária' de que o presidente não podia recebê-los porque estava em reunião com a líder petista Ideli Salvatti (SC). 'Não esperávamos esta postura de quem foi indicado para presidir o conselho', emendou Nery, que fora pedir a Sibá que agilizasse a apreciação do caso. 'É o sinal de que este processo pode não ter o andamento que a Nação quer, de ter completo esclarecimento do caso.'

Mais cedo, Sibá havia garantido que não tomaria nenhuma atitude precipitada 'para nenhum dos lados', nem tampouco tomaria 'atitudes pessoais'. Disse que apresentará um plano de trabalho na próxima semana, para uma decisão do colegiado, depois de ouvir o corregedor Romeu Tuma (DEM-SP). E comprometeu-se a observar o regimento e a Constituição.

Acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior, Renan tornou-se o principal alvo do Conselho de Ética. Seu caso entrará na pauta da próxima reunião, que Siba já marcou para quarta-feira. Um dirigente do PMDB adiantou que seu partido indicará o relator do caso Renan, mas o líder Valdir Raupp (RO) aposta que não haverá processo.

Como a representação do PSOL ainda não havia sido enviada ao conselho, que só passou a existir formalmente a partir de sua instalação, ontem, a situação do presidente do Senado não foi discutida na sessão.

A polêmica de ontem girou em torno da escolha de um suplente para presidir o colegiado, já que Sibá assumiu o mandato em substituição à senadora e ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A questão chegou até o plenário, com um protesto do senador Pedro Simon (PMDB-RS). 'Numa hora importante como esta, estamos na dependência do presidente da República porque o Sibá só fica na presidência do Conselho de Ética enquanto o seu Lula quiser', reclamou, ao cogitar a hipótese de Lula mandar a ministra de volta ao Senado. O escolhido para a vice-presidência foi o senador Adelmir Santana (DEM-DF).

FRASES

Chico Alencar Deputado (PSOL-RJ)

'A gente quer do Sibá isenção, e não espírito de corporação'

José Nery Senador (PSOL-PA)

'Não esperávamos esta postura de quem foi indicado para presidir o Conselho'.