Título: Desemprego tem ligeira alta, mostra Dieese
Autor: Ramon, Jander
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2007, Economia, p. B5

O índice de desemprego em seis regiões metropolitanas do País ( Belo Horizonte, Distrito Federal, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo) foi de 16,9% da População Economicamente Ativa (PEA) em abril, mostrando 'relativa estabilidade' em relação ao de março (16,6%). O dado consta da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada ontem pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Segundo a pesquisa, 3,23 milhões de pessoas estão sem emprego nessas regiões, um aumento de 67 mil ante março. Assim, foi interrompido o comportamento verificado entre janeiro e março, quando foram abertas 37 mil vagas e 104 mil pessoas entraram no mercado de trabalho.

No setor de serviços, o índice de ocupação cresceu 0,6% e na indústria, 0,5%, compensando a queda de 1,2% em setores como serviços domésticos e construção civil e de 0,5% no comércio.Segundo a pesquisa, entre fevereiro e março, o rendimento médio real dos ocupados caiu 0,4%, chegando a R$ 1.036. O rendimento dos assalariados manteve-se estável, oscilando 0,1%, passando a R$ 1.111.

Nos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo, o índice de desemprego foi de 16,3% da PEA, ante 15,9% em março. Assim, o total de desempregados da região foi estimado em 1,64 milhão de pessoas - 48 mil mais que em março.

Na classificação 'outros setores' houve o maior corte de vagas - 35 mil demissões, o que representou queda de 3,7% em abril ante março. No comércio, 9 mil posições foram eliminadas (0,6%). Na indústria, os cortes atingiram 1 mil trabalhadores (0,1%). O setor de serviços abriu 41 mil vagas, o que corresponde a alta de 0,9%, compensando parte das demissões.

Técnicos do Seade e do Dieese classificaram de 'típicos' os movimentos de relativa estabilidade e 'leve alta' nas taxas de desemprego. 'Podemos considerar esse movimento típico, inclusive porque muitas pessoas que pararam de procurar trabalho no primeiro trimestre retornam nesse momento', avaliou a assessora da diretoria técnica do Dieese, Patrícia Lino Costa.

Por outro lado, a estabilidade no nível de ocupação surpreendeu. 'Se considerarmos o comportamento histórico, a ocupação sempre começa a se recuperar em abril', disse o coordenador de Análise da PED pela Fundação Seade, Alexandre Loloian.

Para ele, falta uma 'definição mais consistente' para o resto do ano sobre o comportamento dos juros, do câmbio, da economia internacional e até sobre os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 'Não há sinal de reversão de expectativas do crescimento. O que notamos, porém, é que os empresários têm investido, o País cresce, mas isso ainda não se reflete nas taxas de desemprego.'

A influência da queda do dólar na indústria pode ser percebida nos resultados da Grande São Paulo. O setor metalomecânico, responsável por 35% das vagas industriais da região, acumula queda de 6,4% no emprego de janeiro a abril. Outro desempenho negativo é o da indústria de vestuário e têxtil, com baixa de 6,2% no emprego em abril ante março e de 14,8% no quadrimestre. 'A ampliação de 1,5% no emprego de metalomecânica em abril ante março pode indicar uma recuperação no setor', disse Patrícia.

Os especialistas destacaram a tipicidade da 'relativa estabilidade' nos rendimentos. 'O fato relevante é que tanto a massa de rendimentos quanto o rendimento médio real apresentam crescimentos significativos, de mais de 5%', disse Loloiam.