Título: Secretário de Wagner é investigado pela PF
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/05/2007, Nacional, p. A20

O secretário de Segurança Pública da Bahia, Paulo Fernando Bezerra, é um dos delegados da Polícia Federal investigados no esquema da máfia das obras por suposta prática de crimes de corrupção passiva, violação de sigilo funcional e prevaricação. Citado no relatório do setor de Inteligência da PF como um dos responsáveis pelo naufrágio das ações da Operação Octopus - que tentava apurar a atuação de policiais federais junto ao grupo de empresários corruptos -, Bezerra era na época superintendente da PF na Bahia.

Dois aliados diretos do líder do grupo - o empresário Zuleido Veras, dono da Construtora Gautama - eram amigos de Bezerra, conforme revelam escutas telefônicas. Eram eles o advogado Francisco Catelino e o ex-delegado federal Joel de Almeida Lima (que também foi superintendente na Bahia de 1995 a 1997).

Os dois são apontados pela PF como vendedores de grampos ilegais e contato entre os empresários e os policiais acusados de corrupção. Numa conversa entre Catelino e o policial federal Francisco Miguel Gonçalves, no dia 15 de setembro de 2005, o primeiro comemora a nomeação de um delegado amigo (José Roberto dos Santos, adido da PF na Colômbia). ¿Saiu a nomeação de Zé Roberto!¿, diz Catelino. Gonçalves responde: ¿Beleza! Falta só a nomeação de Paulo Bezerra e César Nunes.¿ O último, atual superintendente da PF na Bahia, é outro dos delegados investigados pela operação.

Relatório do setor de Contra-Inteligência da PF informa que Bezerra foi avisado sobre as investigações que o envolviam pelo juiz Durval Carneiro Neto, numa reunião no dia 31 de agosto de 2006. No documento está escrito que ¿o investigado foi informado acerca de todos os detalhes das Operações Navalha e Octopus, incluindo nomes dos demais investigados, diligências efetuadas e implantação de escuta ambiental¿. A partir dessas informações, Bezerra teria atuado para frustrar as ações da própria PF.

O vazamento das informações foi presenciado pelo procurador da República André Luiz Batista. ¿No curso da mencionada reunião, foram reveladas informações detalhadas concernentes à Operação Navalha, mais especificamente sobre a pessoa do dr. Paulo Bezerra. Tal iniciativa não contou com meu consentimento¿, escreveu o procurador.

O juiz afirmou anteontem que a PF fez ¿trapalhadas¿ na operação e os policiais foram ¿canalhas e covardes¿ ao atribuírem a ele o vazamento. Neto disse que o vazamento ocorreu dentro da própria corporação, em Brasília.

O atual secretario de Segurança da Bahia sustenta que são falsas as acusações contra ele. ¿Se houver algum indício de que fui desleal com minha instituição, que me afastei um milímetro de meus deveres profissionais e do juramento que fiz quando ingressei na Polícia Federal, rasgo esta carteira que me acompanha há muito tempo e meus diplomas de delegado e de bacharel em direito¿, declarou.