Título: Clima na reitoria, ontem, foi de fim de festa
Autor: Henrique, Brás e Fávaro,Tatiana
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/05/2007, Vida&, p. A34

A barricada de pneus em frente à entrada do prédio da reitoria da USP foi reforçada ontem por duas vezes. Desperdício de energia dos estudantes - nem sinal da PM nas imediações. O banner ¿Ocupação 1 X Choque 0 (W.O.)¿ foi retirado. Seguem os cartazes com informações da ¿agenda do dia¿, sob responsabilidade da comissão de cultura e eventos.

Na comparação com a quinta-feira, ontem foi dia vazio. Horas depois de uma festa que durou até as 7 horas, cerca de 20 pessoas dormiam e outras 50 circulavam pelas demais salas, enquanto a ¿comissão de limpeza¿ terminava uma meticulosa faxina nos banheiros. No auditório do Conselho Universitário, área também controlada pelos grevistas, uma palestra sobre América Latina reuniu mais de cem estudantes.

Já na área da televisão, que fica ligada em alto volume, estudantes se revezavam nos computadores para checar e-mails. Uma das máquinas, que apresentou problemas na quinta-feira à noite, não estava mais lá.

Dois colegas do primeiro ano de História, em frente ao televisor, comentavam que durante o fim de semana há menos gente na ocupação. ¿Tem um pessoal que vai para o interior ver a família¿, explicam os dois paulistanos. Eles geralmente não dormem lá, porque os pais não aprovam. ¿Se minha mãe soubesse o quanto aqui é tranqüilo...¿ Além de reclamar da postura dos pais, puseram o papo em dia. Tema: comida japonesa.

Em um intervalo de duas horas, foi possível detectar oito pessoas fumando em locais fechados - atividade proibida, advertem dezenas de cartazes.

Do lado de fora, os fotógrafos torciam para que os estudantes liberassem a reitoria para mostrar que não houve depredação - o portão quebrado no dia 3 não conta. Após deliberar muito, porém, os alunos não chegaram a um consenso. Uma equipe de fotógrafos que se abrigava do frio em caixas eletrônicos do Bradesco continuou de vigília, à espera de nova resolução política.

De acordo com estudantes, nas plenárias crescem os votos a favor da saída voluntária, em vez da ¿resistência pacífica¿ à PM. ¿Acho que precisamos sair, não quero a polícia aqui, não podemos ficar aqui para sempre¿, afirmou uma aluna da FFLCH. Além dos funcionários, professores e apoiadores não-uspianos do movimento, praticamente não há mais estudantes que não sejam da FFLCH.

No fim da tarde, dois lados da Torre do Relógio, no centro do campus, foram pichados. Segundo a comissão de comunicação dos invasores, um ato de vândalos.