Título: Wagner e Dilma passearam em lancha emprestada por Zuleido
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/05/2007, Nacional, p. A5

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), admitiu ontem ter usado a lancha de Zuleido Soares Veras, sócio-majoritário da Gautama - empresa acusada pela Polícia Federal de liderar esquema de suborno e desvio de verbas públicas em obras -, durante passeio com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em novembro.

¿A ministra veio aqui no final do ano passado para me ajudar na transição de governo e eu tinha prometido a ela que iríamos passear¿, contou. ¿Como eu não tenho lancha, pedi a um amigo para conseguir uma e ele disse que teria como alugar.¿

O amigo é Guilherme Sodré, publicitário e ex-marido da atual mulher do governador, Fátima Mendonça. ¿Sou amigo dele há 20 anos, mas só ontem (domingo), quando voltei da Argentina, ele veio me dizer que não foi um aluguel, que pediu a lancha emprestada para um amigo e, infelizmente, o amigo era esse cidadão. Ele devia ter me contado antes.¿ Sodré não foi localizado para falar sobre o caso.

Apesar disso, o governador negou envolvimento com Zuleido. ¿Eu o conheço, já o conhecia antes, já o vi em avião, no parlamento. Mas não tenho nenhuma intimidade com ele¿, comentou. ¿O que eu acho que deve ser investigado é: qual é o benefício? Eu estou no governo há cinco meses e não há nenhum negócio com esse senhor¿, afirmou. ¿Se alguém acha que eu vou fazer benefício para alguém por causa de um passeio de lancha, eu acho uma bobagem. Sinceramente, nem lembro da lancha.¿

Durante a Operação Navalha, a Polícia Federal apreendeu uma lancha de Zuleido.

Amigo do prefeito de Camaçari (BA), Luiz Caetano (PT), preso na operação, Wagner defendeu o aliado. ¿Soube que o ex-prefeito Tude está comemorando o fato de que o adversário político dele, momentaneamente, está tendo um problema¿, afirmou, em referência a José Reis Tude (DEM), prefeito de Camaçari na época da assinatura do contrato entre a prefeitura e a Gautama, em 1999.

¿Pode ser que a alegria de alguns dure pouco, porque sei de obras feitas por essa empresa que não foram realizadas no tempo dos governos dos meus aliados. Acho que logo vai ter muita coisa aparecendo aí¿, emendou.

ACM

¿Se as investigações evoluírem um pouco, certamente vão chegar aos carlistas, é só uma questão de tempo¿, disse o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), alfinetando o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA). ¿Ao que parece, o deputado Paulo Magalhães (sobrinho de ACM) já foi envolvido e, se forem confirmadas as acusações, ele terá sérios problemas.¿

¿Desafio o Jaques Wagner a apontar qualquer coisa na minha vida, como eu posso apontar na vida dele. No caso de Camaçari, inclusive, ele está envolvido. Ele só entende de coisas etílicas¿, reagiu ACM. O senador não quis comentar o suposto envolvimento de Paulo Magalhães com a máfia das obras. O parlamentar teria sido flagrado, em escuta telefônica, admitindo recebimento de R$ 20 mil da Gautama.