Título: Ministro diz sofrer prejulgamento
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/05/2007, Nacional, p. A5

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse ontem que está sofrendo um prejulgamento ¿horrível¿ desde que o seu nome apareceu nas investigações da Polícia Federal sobre a máfia das obras. Em entrevista na capital do Paraguai, ele garantiu que desconhece as suspeitas que o ligariam ao esquema desbaratado pela Operação Navalha e criticou atuação da Polícia Federal. Mais tarde, já no Brasil, frisou que as acusações, como um todo, são ¿gravíssimas¿ e prometeu punição para quem estiver envolvido com irregularidades. No entanto, ele não citou especificamente o seu caso.

¿Não posso aceitar isso, tenho uma história e uma biografia a zelar¿, reclamou o ministro, que acompanhava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem a Assunção. Até poucas horas antes de retornar do Paraguai, Rondeau dizia rejeitar a possibilidade de sair do governo. ¿Acho esse processo extremamente nocivo e cabe realmente a todo ritual da Justiça confirmar e esclarecer isso¿, afirmou. ¿Eu desconheço essas denúncias, no Brasil vou poder tratar melhor desse assunto.¿

Na entrevista, o ministro disse estar indignado com as suspeitas levantadas contra ele pela Polícia Federal. ¿Isso é muito ruim, causa indignação, porque esse prejulgamento é uma coisa horrível¿, insistiu.

`INCÚRIA¿

Em Foz do Iguaçu (PR), onde participou da solenidade de inauguração das duas últimas turbinas da Hidrelétrica Itaipu Binacional, Rondeau voltou a falar do escândalo. ¿Se houve incúria, os responsáveis serão punidos¿, declarou. ¿As acusações são gravíssimas, no processo como um todo. Precisam ser apuradas. Nós não podemos deixar a sociedade sem resposta.¿

¿ Estou desde o primeiro momento fortemente acompanhando¿, fez questão de destacar o ministro de Minas e Energia. Ele acrescentou que já determinou a abertura de uma ¿auditoria especial¿ e de processo administrativo disciplinar. ¿Estou acompanhando o processo. Estou voltando para Brasília. Amanhã estarei lá e terei despacho com o presidente. Farei uma avaliação.¿

NOTA

A assessoria do ministério divulgou ontem uma nota rebatendo as acusações da PF de que a pasta estaria envolvida em fraudes em licitações para obras do programa Luz para Todos. ¿O Ministério de Minas e Energia não realiza as licitações, não define os preços dos serviços nem as contratações dos agentes para execução das obras do programa, assim como não é o responsável pela liberação dos recursos¿, diz o texto.

Ainda de acordo com a nota, quem define as obras do projeto são as empresas concessionárias e permissionárias de distribuição de energia que operam nos Estados. A PF suspeita de possíveis fraudes na escolha da empresa Gautama para obras do programa no Piauí. Uma das pessoas presas na Operação Navalha foi o presidente da Energética do Piauí (Cepisa), Jorge Targa Juni.

Sobre esse caso específico, a nota afirma que o contrato da Gautama com a Cepisa tem um custo médio de R$ 3.853 por ligação, inferior ao custo médio estimado para o Estado.

Por fim, o texto diz que devido ao ¿baixo desempenho¿ da Cepisa e aos atrasos na implantação do Luz Para Todos no Piauí a Eletrobrás autorizou, em janeiro, a sua subsidiária Chesf a coordenar a execução das obras no Estado.

FRASES

Silas Rondeau Ministro de Minas e Energia

¿Não posso aceitar, tenho

uma história e uma biografia a zelar. Acho esse processo extremamente nocivo e cabe realmente a todo ritual da Justiça confirmar e esclarecer isso¿

¿Eu desconheço essas denúncias, no Brasil vou poder tratar melhor desse assunto¿

¿Esse prejulgamento é uma coisa horrível¿

¿Se houve incúria, os responsáveis serão punidos. As acusações são gravíssimas, no processo como um todo. Nós não podemos deixar a sociedade sem resposta¿.