Título: Funcionários do Incra iniciam quarta greve no governo Lula
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/05/2007, Nacional, p. A8

Os servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) iniciaram ontem uma nova greve - a quarta desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, em janeiro de 2003. Do conjunto de 30 superintendências regionais do instituto, 13 paralisaram as atividades ontem, de acordo com informações da Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra. Acredita-se que as outras 17 devam parar entre hoje e amanhã.

A principal reivindicação dos funcionários é a retirada do Projeto de Lei Complementar 1/2007, enviado pelo governo ao Congresso, do pacote do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Seu objetivo é limitar despesas com pessoal e encargos sociais.

¿Esse projeto vai engessar o serviço público e congelar os salários¿, afirma José Vaz Parente, da direção da confederação. Os grevistas também reivindicam aumento dos vencimentos básicos, equiparação entre funcionários ativos e inativos e a realização de concursos públicos para a contratação de novos servidores.

No plano mais geral, os servidores querem interferir na política agrária do governo, exigindo mais atenção para a reforma agrária e, conseqüentemente, para o Incra. Segundo os coordenadores da greve, eles estão preocupados com o aumento do número de pessoas assentadas e acampadas no País.

¿Em 2002, no final do governo de Fernando Henrique Cardoso, o Incra estava na UTI. A intenção dele era transferir as tarefas da reforma agrária para os Estados e os municípios, e o Incra só não fechou as portas porque os servidores reagiram¿, avalia Parente. ¿O Lula injetou recursos e contratou mais gente. Com isso, o Incra saiu da UTI, mas até agora continua em uma unidade de observação. Nós ainda não estamos satisfeitos.¿

As greves anteriores também estavam relacionadas a vencimentos básicos, plano de carreira e novas contratações. O governo cedeu às pressões e já realizou dois concursos públicos, em 2004 e 2005, que resultaram na contração de 1.800 servidores para o instituto.

Segundo a confederação, foi insuficiente. ¿Temos hoje o mesmo número de funcionários da década de 80, quando o volume de assentados e de acampados era menor que o atual¿, diz Parente.

A presidência do Incra preferiu não fazer comentários sobre a greve. De acordo com levantamento realizado por assessores da instituição no início da noite, o número de superintendências paralisadas no primeiro dia chegou a 10 - número que contrária o dos grevistas, que falam em 13.

Estão previstas para hoje novas assembléias de servidores em diversas superintendências, para decidir se irão aderir ou não à greve.