Título: Aliados querem que Tuma relate caso Renan
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2007, Nacional, p. A7
O presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC), deve convidar o corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP), para relatar o processo disciplinar que será aberto contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na próxima quarta-feira. Transformar o corregedor em relator é o caminho mais curto para encerrar a polêmica aberta pela representação do PSOL contra Renan, tirando o peemedebista da pauta negativa do Congresso.
Amigos de Renan apostam em Tuma na relatoria por levarem em conta que o senador já mostrou boa vontade em relação ao caso. ¿Não quero condenar, quero absolver¿, chegou a dizer. Além de apressar o desfecho do caso, a escolha pode conter as críticas do PSOL e de parte da oposição, que desde a semana passada protestam contra o ¿arquivamento sumário¿ da representação a partir de apuração preliminar do corregedor, que teve acesso à documentação do senador.
Os correligionários do presidente do Senado avaliam que só Tuma pode produzir relatório nos próximos dias e levá-lo à votação no colegiado, para que Renan se livre da acusação de ter despesas pessoais pagas pelo lobista de uma empreiteira.
O problema é que desde quarta-feira, quando recebeu das mãos do advogado Eduardo Ferrão os extratos bancários, certidões e declarações de renda de Renan, Tuma virou alvo da oposição. ¿Isto é uma usurpação de função¿, protesta Demóstenes Torres (DEM-GO). ¿Os documentos deveriam estar nas mãos dos conselheiros, e não do corregedor¿, insiste, ao lembrar que, pelas normas regimentais e constitucionais, cabe ao corregedor apurar só os atos praticados pelos senadores nas dependências do Congresso.
Depois do noticiário do fim de semana, quando a revista IstoÉ divulgou a transcrição de gravações de diálogos entre Renan e a jornalista Mônica Veloso, com quem o peemedebista tem uma filha, Demóstenes considera que houve ¿enfraquecimento do mérito¿ das denúncias feitas inicialmente pela revista Veja. Ele destaca que, embora não seja crime gravar conversa própria, ¿para terceiros isso dá a impressão de que ela se preparou para fazer chantagem e achou agora o momento oportuno¿. Além disso, lembra que, se não há provas cabais da origem dos recursos pagos à Mônica, também não há documento provando que o dinheiro viria do lobista ou da empreiteira Mendes Júnior.
O advogado da jornalista, Pedro Calmon Filho, nega a chantagem e diz que Mônica não gravou as conversas com o senador. Ele promete interpelar Renan ainda hoje junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), para que esclareça se houve ou não chantagem, já que não negou o fato à revista.