Título: Após 4 meses, Fidel reaparece na TV
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2007, Internacional, p. A9

O líder cubano Fidel Castro fez ontem sua primeira aparição na TV em quatro meses, confirmando as informações de que seu estado de saúde vem melhorando depois que uma doença intestinal o forçou a licenciar-se do poder no fim de julho de 2006. Fidel apareceu em pé, em traje esportivo, falando animadamente durante uma reunião, no sábado com o dirigente do Partido Comunista Vietnamita, Nong Duc Manh.

Fidel, de 80 anos - que entregou todas as atribuições de Estado a seu irmão Raúl Castro pela primeira vez desde a revolução em 1959 -, parecia mais saudável e mais ativo do que nas últimas imagens de vídeo, de 30 de janeiro, durante uma visita de seu aliado, o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Ele abraçou Manh calorosamente no fim da reunião de duas horas. 'O Vietnã é um país que jamais esqueceremos', disse Fidel, que visitou Hanói em 1973, enquanto o país asiático ainda enfrentava os EUA.

'Ele estava muito contente. Eu fiquei extremamente emocionado', disse Manh posteriormente, numa reunião com o vice-presidente cubano, Carlos Lage.

Na sexta-feira, depois afirmar que Fidel estava 'quase inteiramente recuperado' das várias operações para tratamento da doença intestinal não especificada, o presidente da Assembléia Nacional cubana, Ricardo Alarcón, evitou dar indicações sobre quando, ou se, o líder poderia voltar ao poder no país.

Castro retornou à vida pública de seu local de convalescença há dois meses escrevendo colunas regulares sobre questões mundiais com ataques virulentos ao presidente americano, George W. Bush.

No sábado, um funcionário da administração Bush disse que os EUA terão de esperar a morte de Fidel para verem alguma mudança política no regime comunista de Cuba. 'Ele (Fidel) empurrou Cuba para o modelo fracassado de hoje, e teremos de esperar para ver se o futuro será melhor quando ele não estiver mais por aqui', disse o secretario americano de Comércio, Carlos Gutierrez - admitindo que Bush poderá deixar o cargo sem ver as mudanças que sua administração promoveu em Cuba com o endurecimento das sanções aplicadas desde 1962.