Título: Dólar desaba para R$ 1,98 e Jorge promete socorro a cinco setores
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2007, Economia, p. B1

A tão anunciada queda do dólar abaixo dos R$ 2 confirmou-se ontem. Sob o olhar discreto do Banco Central (BC) e com uma infinidade de boas notícias vindas do mercado internacional, especialmente dos Estados Unidos, a moeda despencou. Fechou o dia com queda de 1,34%, cotada em R$ 1,982, no menor nível desde janeiro de 2001.

O que causou surpresa no mercado foi a tímida atuação do BC para conter o forte recuo da moeda num dia carregado de notícias favoráveis.

No início da manhã, quando o dólar já abriu em queda, o BC apenas observou o mercado. Só por volta das 15 horas, o banco fez o tradicional leilão de compra de moeda, quando adquiriu cerca de US$ 425 milhões. 'O BC foi burocrático para conter o dólar, o que deixou o mercado meio perdido', afirmou o gerente de câmbio do Banco Prosper, Jorge Knauer.

A expectativa é que o dólar continue oscilando em torno dos R$ 2, com forte inclinação para baixo. Na avaliação do economista do Santander Banespa, Mauricio Molan, a moeda americana deve terminar o ano em R$ 1,90. Os cálculos, diz ele, estão baseados em fatores estruturais, como o robusto crescimento global, que eleva as exportações brasileiras, alta dos preços das commodities, melhora dos fundamentos econômicos internos e a desvalorização mundial do dólar ante outras moedas. 'Como todos esses fatores não têm dado sinais de mudança, a tendência do dólar é continuar recuando, mesmo com atuações do BC.'

Durante a entrevista ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou sei apoio à política do BC. Ele deixou claro que o câmbio continuará flutuante e vai se ajustar na medida em que houver importação de bens de capital, e os juros vão continuar sendo reduzidos. 'Não tem milagres. O governo fará a sua parte, mas não há mágica.'

Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, anunciou ontem cinco setores da economia que serão beneficiados por uma política industrial de 'emergência': indústria têxtil e de vestuário, automobilística, naval, de calçados e móveis.

Além da redução dos tributos incidentes na folha de pagamento, haverá aumento de alíquotas de importação para proteger alguns produtos.