Título: 'Não quero interferir no Copom'
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2007, Economia, p. B4
No momento em que as agências de análise de risco defendem a autonomia jurídica do Banco Central como uma medida necessária para elevar o grau de confiança da economia brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não encaminhará um projeto de lei para dar autonomia ao Banco Central.
O BC, como afirmou ontem Lula em entrevista coletiva, já atua, na prática, sem interferências do Executivo. 'Eu não quero interferir no Copom (Comitê de Política Monetária)porque eu acredito que, quanto mais autonomia tiver o Banco Central, melhor é para o País. Mas eu acho que não precisa mandar uma lei para o Congresso estabelecendo essa autonomia.'
Lula justificou sua posição de não interferência no BC, apesar das pressões, ao afirmar que é possível um presidente da República não interferir nas decisões de política monetária do BC, 'para o bem ou para o mal'. Para as agências de rating, no entanto, a autonomia do BC eliminaria qualquer suspeita a respeito das influências políticas nas decisões do colegiado.
Aceitando uma provocação do repórter - que indagou se já não teve vontade de pedir ao presidente do BC, Henrique Meirelles, que reduzisse a taxa Selic -, Lula sorriu e admitiu: 'Ah, sim. Dá vontade de ligar. Mas estou convencido de que estamos no caminho certo'.
'Não vou dizer pro Meirelles: a inflação está controlada e o negócio é o seguinte: baixa logo 3 pontos. Não vou fazer isso', disse Lula. E explicou que, na realidade, pode-se contratar empréstimos abaixo da taxa Selic, hoje de 12,5% ao ano, como nos financiamentos do BNDES. 'Procurem outras fontes de financiamento que o próprio governo oferece', disse citando o BNDES que cobra juros de 6,5% ao ano.
Lula comparou a queda dos juros a uma maratona e defendeu a política do BC. 'Estou vendo que posso chegar em primeiro lugar. Se eu forçar o ritmo, posso ter uma distensão e não chegar', disse. 'Então, vamos devagar', recomendou.