Título: 'Vazamentos' são políticos, diz senador
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2007, Nacional, p. A5

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se disse indignado com o que considera ¿vazamentos políticos¿ das investigações da Polícia Federal que acabaram vinculando seu nome à Operação Navalha. Ele disse que não tem nenhuma ligação com as atividades do irmão, o deputado Olavo Calheiros, e não poderia comentar nada sobre gravações que não conhece: ¿Olavinho é outra pessoa.¿

Embora o inquérito corra em segredo de Justiça, a PF divulgou escutas telefônicas em que o nome de Renan é citado por terceiros que ele afirma nem conhecer, embora assuma uma amizade de 30 anos com Zuleido Veras, o dono da Gautama.

Assim que chegou ao Congresso ontem, Renan insistiu em que o governo precisa apressar as investigações, ¿para que as especulações não se sobreponham aos fatos¿. Argumentou que a demora ¿é muito ruim para o Estado de Direito e a democracia, porque cria espaço para que os fatos sejam usados politicamente¿. ¿Quero que as investigações andem rapidamente para que a verdade apareça, para que se conheça a responsabilidade de cada um e para repelir qualquer insinuação.¿

Amigos de Renan responsabilizam o ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), pelo aparecimento de seu nome no escândalo. Menos de dois meses depois de ter se reconciliado com o Planalto, virando a página dos desentendimentos sobre a sucessão no Congresso e o comando do PMDB, ele está inconformado com o tratamento recebido. ¿Meu nome não está citado em nenhuma parte do processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Só aparece mencionado por terceiros, o que não tem sentido, porque eu não conheço essas pessoas¿, protestou.

Seus adversários, no entanto, lembram que foi por iniciativa de Renan que o presidente Lula incluiu recursos para uma obra da Gautama em Alagoas na medida provisória 270, que abria créditos de R$ 825 milhões, editada no fim do ano passado. Isso depois de o Tribunal de Contas da União (TCU) ter apontado irregularidades em obras da construtora. A lembrança irrita o presidente do Senado. Ele diz que o pedido levado ao Planalto foi feito, na verdade, pelo deputado Armando Abílio (PMDB).