Título: Gautama teve apoio da família Calheiros
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2007, Nacional, p. A5
As 347 conversas telefônicas gravadas durante as investigações da Operação Navalha, com autorização judicial, mostram que o empenho da família Calheiros, tradicional na política alagoana, e do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) foram fundamentais para que a construtora Gautama conquistasse obras públicas no Estado.
Embora não tenham sido captadas conversas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), ou de Teotônio com os suspeitos, os seus nomes são citados várias vezes pelo dono da Gautama, Zuleido Veras. Gente próxima aos políticos também freqüenta o mundo das negociações da Gautama, captadas pela operação.
Do lado do presidente do Senado, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), seu irmão, é citado por supostamente ter facilitado a apresentação de emendas ao Orçamento. Teotônio, por sua vez, tem em Enéas Alencastro - amigo e representante de seu governo em Brasília - um funcionário que, pelos grampos, parecia mais preocupado com os interesses da empreiteira.
Em um das conversas, de 14 de fevereiro, Zuleido diz à diretora comercial da Gautama, Maria de Fátima Palmeira, que Olavo ¿ofereceu¿ uma emenda para beneficiar a empresa. Zuleido não fala em benefício para ¿Olavinho¿, mas deixa claro que o deputado mudou de atitude após o empresário ter ido a Maceió. ¿O Olavinho passou aquela emenda que tem para a gente¿, diz Zuleido a Fátima, que ri. Depois, ele comenta que foi ¿muito bom¿ ter ido a Maceió: ¿Você vê que mudou tudo, né?¿ Fátima afirma: ¿Ele é fogo.¿
Zuleido conta a Fátima que o então subsecretário de Infra-Estrutura de Alagoas, Denisson Tenório, orientou ¿o secretário¿ - provavelmente Adeílson Bezerra, à época titular de Infra-Estrutura - a recomendar que a emenda fosse destinada à construção de um ¿interceptor (oceânico)¿ - o que dispensaria licitação. A lista de proposições apresentadas por Olavo em 2007, porém, não mostra nenhuma emenda.