Título: Entidades fazem protesto contra reformas hoje
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2007, Nacional, p. A10

Organizações sindicais, movimentos sociais e entidades estudantis realizam hoje manifestações em todo o País para protestar contra projetos de mudanças nas legislações sindical, trabalhista e previdenciária. Denominada Dia Nacional de Luta Unificada por Nenhum Direito a Menos, a mobilização é puxada principalmente pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior central sindical do País, ligada ao PT.

Estão previstas paralisações, marchas, panfletagens e atos públicos. Uma das principais manifestações deve ocorrer às 10 horas, diante da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista, na capital do Estado.

De acordo com a CUT, aproximadamente 10 mil trabalhadores vão se concentrar ali para protestar contra a Emenda 3 - pela qual os auditores fiscais ficariam proibidos de multar empresas prestadoras de serviços, mesmo se julgarem que esses contratos estejam disfarçados de relações empregatícias. O manifestantes vão defender o veto que ela recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Essa será a terceira jornada da CUT contra a emenda. A diferença agora é que se trata de uma mobilização ampliada, com apoio de outras organizações, entre elas o Movimento dos Sem-Terra (MST), a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), a União Nacional dos Estudantes (UNE), além de pastorais sociais católicas.

Em Brasília está prevista a paralisação de órgãos públicos e uma manifestação conjunta na Esplanada dos Ministérios. Em São Paulo, os servidores estaduais devem aproveitar a data para protestar contra a reforma da Previdência paulista do governador José Serra (PSDB).

O MST anunciou que pretende paralisar rodovias e ocupar empresas multinacionais do agronegócio.

Enquanto a convocação da CUT para as manifestações enfatizam o ataque à Emenda 3, o MST e outras organizações vêem a oportunidade para criticar a política econômica do governo Lula. ¿Estamos lutando contra esse modelo de desenvolvimento econômico que o grande capital quer impor ao País, com a retirada dos direitos dos trabalhadores por meio da flexibilização da legislação trabalhista¿, diz José Batista de Oliveira, da direção nacional do MST.

ARTICULAÇÃO

O líder dos sem-terra também encontra na jornada de hoje o embrião para articulações mais amplas entre os trabalhadores: ¿Estamos amadurecendo a unidade, com perspectiva de lutas maiores.¿

Segundo José Maria de Almeida, da coordenação da Conlutas e da direção do PSTU, havia dez anos que não se via no País articulação tão ampla de entidades sindicais. ¿Ela mostra o descontentamento com a política econômica de Lula, que se preocupa sobretudo com o pagamento da dívida pública, tendo reservado para isso R$ 242 bilhões no Orçamento de 2007¿, diz ele.

A direção nacional do PT divulgou nota de apoio às manifestações de hoje. O texto saúda o fortalecimento dos movimentos sociais e diz que o PT está engajado, com as entidades sociais, no esforço concentrado para a votação da manutenção do veto presidencial à Emenda 3.