Título: SC ganha status de área sem aftosa
Autor: Okuda, Tomas e Conceição, Ana
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2007, Economia, p. B5

O Comitê Internacional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconheceu ontem o Estado de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação. A informação foi dada pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, que participava da reunião anual da entidade, em Paris. O status sanitário de área livre sem vacinação é inédito no País e pode abrir novos mercados para a carne suína produzida naquele Estado.

Segundo Camargo Neto, o resultado confirmou as expectativas e é muito significativo para Santa Catarina, maior produtor de suínos do País, que tem sido prejudicado pela ocorrência de aftosa no Paraná e em Mato Grosso do Sul em outubro de 2005. A Rússia, principal comprador da carne suína brasileira, não importa o produto desde aquela época, apesar de ter voltado a comprar do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso.

A partir da agora, com o novo status de Santa Catarina, o Brasil poderá reduzir a dependência das exportações para o mercado russo, acredita Camargo Neto. ¿Poderemos trabalhar outros mercados.¿ Na semana passada, o serviço veterinário russo suspendeu o fornecimento de carne de dez frigoríficos brasileiros. Japão (com 24% das importações mundiais do produto), Estados Unidos (10%), México (9%) e Coréia do Sul (8%), não compram carne suína do Brasil.

Mesmo com o embargo de vários compradores importantes, o Brasil foi o quarto maior exportador de carne suína em 2006, com 528 mil toneladas, de acordo com a Abipecs. O País ficou atrás da União Européia (UE), dos Canadá e dos Estados Unidos, todos com vendas de mais de 1 milhão de toneladas. Os principais compradores da carne brasileira foram Rússia, Hong Kong, Ucrânia, Cingapura, Moldávia e Argentina.

Embora não espere movimento positivo dos compradores russos, Camargo Neto avalia que o status de área livre sem vacinação abrirá, no médio prazo, mercados importantes como Japão e Chile, que não admitem vacinação, e outros compradores exigentes, como Estados Unidos e UE. Técnicos do Japão e da UE devem visitar o Estado no segundo semestre.

Santa Catarina não registra foco de aftosa há 14 anos e desde maio de 2000 é reconhecido pelo Ministério da Agricultura como área livre da doença sem vacinação.

SUSPENSÃO

Os Estados (ver mapa) que perderam o status de áreas livres de febre aftosa com vacinação concedido pela OIE podem retomar essa condição em setembro. Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o governo está tomando as providências necessárias para normalizar a situação de 11 Estados, mais o Distrito Federal.

Entre as medidas está a criação de uma faixa de segurança de 15 quilômetros ao longo da fronteira do Brasil, do Rio Grande do Sul até Rondônia. ¿As conversas com a Bolívia estão bem adiantadas, pois já havia acertos feitos com o governo de Mato Grosso. Com o Paraguai, os entendimentos estão prontos e nos próximos meses as medidas começam a ser implantadas¿, disse Stephanes. Para ele, essas medidas justificam a reivindicação do status de área livre com vacinação, apesar de a maioria dos Estados já estar exportando, inclusive para a UE.

Entre as medidas a serem tomadas pelo Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina estão o georeferenciamento das propriedades, a rastreabilidade e controle do trânsito de animais, a vacinação assistida pelos governos em épocas comuns, a identificação de todos os animais com brincos e a definição de barreiras de trânsito. ¿O custo operacional dessa faixa é de R$ 80 milhões, que já estão liberados¿, afirmou Stephanes.