Título: Putin volta a criticar escudo antimíssil
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2007, Internacional, p. A17
O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a criticar o escudo antimíssil que os EUA querem instalar na Polônia e na República Checa, alertando que o projeto americano pode levar a ¿uma nova corrida armamentista¿. ¿Considero o programa totalmente contraproducente e estou tentando mostrar isso para nossos aliados¿, afirmou Putin aos jornalistas depois de uma reunião com o presidente austríaco, Heinz Fischer, em Viena. ¿O que estaria acontecendo de tão ruim na região para que alguém queira instalar essas novas armas na Europa Oriental?¿, perguntou.
São as primeiras críticas incisivas de Putin depois de um fracassado encontro com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, em Moscou, na semana passada, no qual russos e americanos prometeram abaixar o tom das declarações públicas.
O presidente russo desembarcou de manhã em Viena, onde foi recebido pela ministra austríaca das Relações Exteriores, Ursula Plassnik. Putin visitou uma escola de equitação e assinou vários acordos comerciais.
A crise envolvendo o projeto de um escudo antimíssil americano vem desde janeiro, quando os EUA anunciaram que estavam negociando a instalação de dez mísseis interceptadores na Polônia e uma base de radares na República Checa. A justificativa americana é que o escudo protegeria a Europa de um eventual ataque do Irã ou da Coréia do Norte. Putin argumentou em Viena que o alcance dos mísseis iranianos não ofereceriam risco à Europa. ¿Não há nenhuma razão lógica para esse plano.¿
TESTE DECISIVO
Se as condições climáticas ajudarem, os EUA farão hoje seu segundo teste com interceptadores de mísseis. O plano do Pentágono é lançar um míssil do Alasca na direção da Costa Oeste. Um complexo sistema de satélites e radares deve detectar o míssil e, cerca de 20 minutos depois, um outro míssil será lançado na Califórnia. O cenário ideal seria a destruição do míssil balístico, programada para acontecer a 150 quilômetros acima do Oceano Pacífico.
Se os dois se chocarem, os militares terão garantido boa parte dos US$ 8,9 bilhões para a continuidade do programa de defesa antimíssil, que está sendo discutido pelo Congresso, junto com o orçamento para 2008.
Se a interceptação falhar, a maioria dos analistas acredita que não restará outra alternativa aos congressistas senão cortar uma fatia considerável do orçamento destinado ao programa e aplicar esses recursos em outros projetos militares.
Esse será o segundo grande teste do programa antimíssil americano. O primeiro, realizado em setembro, foi considerado um sucesso - o míssil lançado do Alasca foi de fato destruído.