Título: 'Em caso de ação da PM, não vá ao HU', diz comando
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2007, Vida&, p. A18

"Se você for ferido, não se dirija ao Hospital Universitário. Lá o aluno poderá ser facilmente identificado como um dos invasores da reitoria.¿ A recomendação foi feita anteontem pela comissão de segurança, uma das tantas em que se divide a organização do movimento de alunos que há 21 dias invadiu o prédio da USP. O temor é que, no caso de uma ação policial para a reintegração de posse, haja conflito e que isso exponha ainda mais os participantes.

Enquanto reafirmam a certeza de que não haverá nenhum movimento da PM - confessando, isso sim, o temor de ver o protesto minguar pelo cansaço -, os estudantes rebelados vivem clima de ¿festa revolucionária¿ dentro da reitoria. A comida é simples - no lanche eles comem pão com manteiga e café puro -, mas há música o tempo todo, seja um rock vindo de um CD ou uma MPB tocada ao vivo por um conjunto recém-formado de alunos. Diversão à parte, o assunto principal é a critica à gestão da USP, ao governo estadual, federal e até aos EUA.

Aproveitando a estrutura da reitoria, os estudantes conseguiram organizar seu próprio centro de informações. De lá publicam um blog, fazem telefonemas, monitoram o que trazem sites, assistem aos telejornais. Orgulham-se da repercussão do movimento e confessam que ficariam felizes se derrubassem a reitora, Suely Vilela. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) se diz contra a ocupação. São chamados de ¿pelegos¿ por quem está do lado de dentro. Os filiados ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), que também defendiam a desocupação, mudaram de idéia na terça-feira. São vistos com desconfiança, chamados de ¿vira-casaca¿. Todos são bem-vindos para as discussões e têm passe livre na reitoria. Isso, porém, não os livra das vaias nas assembléias.

O grupo que se reveza dentro do prédio deixa escapar uma ponta de ressentimento em relação aos demais estudantes, aqueles que participam das reuniões, votam, mas preferem voltar para ¿o conforto de suas casas¿. ¿Estou aqui desde o primeiro dia¿ virou lema dos que tentam demonstrar autoridade.