Título: De cada 100 ligações, 10 reuniões e 1 negócio
Autor: Cançado, Patrícia e Grinbaum, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2007, Economia, p. B14

Comprar uma empresa ou organizar uma oferta de ações está criando uma nova geração de milionários no Brasil. Mas, para ganhar as comissões e bônus do mercado financeiro, os executivos têm de trabalhar muito. Esses profissionais têm uma disciplina militar e raramente se desconectam do mundo.

'A competição está aumentando e é dura porque as pessoas estão muito bem preparadas. Esse é um trabalho de preparo técnico, disciplina e dedicação 24 horas por dia. O pesadelo é ver um grande cliente nosso contratando um rival para fechar negócio', diz Ricardo Lacerda, presidente do banco de investimentos do Citi.

No fundo de investimentos em empresas da AIG, a cada 100 ligações os executivos conseguem marcar 10 reuniões com donos de empresas. De cada 10 reuniões, sai apenas um negócio. 'Hoje, não concorro só com outros fundos. Mas também com os bancos que procuram os mesmos empresários para lançar as ações na Bolsa', diz Fernando Borges, presidente da AIG Capital. 'A Cosan, por exemplo, nós perdemos para a Bolsa. Agora, se eu quiser investir na Cosan, não vou pagar o que o mercado está pagando.'

Os executivos têm exercitado a imaginação para atrair novos empresários e novos setores. O Credit Suisse abriu o capital da Anhangüera Educacional e saiu à caça de outras faculdades. Também já vendeu papéis de empresas que ainda não existiam, eram só projetos. 'Nosso desafio é abrir novas fronteiras de negócios', diz Antonio Quintella, do Credit Suisse.

No mercado financeiro corre um comentário que, se há alguma operação difícil de ser realizada, só o Credit Suisse é capaz de fazer. Essa visão pode ser interpretada de duas maneiras: excesso de ousadia ou habilidade de convencer os empresários. Este ano, o Credit Suisse pretende fazer mais de 20 aberturas de capital.