Título: Tuma diz que quer absolver presidente do Senado
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2007, Nacional, p. A5
A predisposição do Senado para não atrapalhar a carreira política do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ficou evidente ontem com uma declaração do corregedor Romeu Tuma (DEM-SP). Em conversa com jornalistas, Tuma admitiu boa vontade com o colega. ¿Não quero condenar, quero absolver. Só quero ter a certeza de que, amanhã, ele não vai ser pego na primeira esquina.¿
Ele soltou a frase quando tentava negar a informação de que já teria tomado a decisão de inocentar Renan da suspeita de ter pago despesas pessoais com dinheiro do lobista da empreiteira Mendes Júnior Cláudio Gontijo. Ao fazer o desmentido acabou confirmando a intenção, ressalvando apenas que não quer ser surpreendido com nenhum fato novo.
Gontijo teria repassado pessoalmente à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha de três anos, dinheiro de pagamento de aluguel residencial e pensão para a criança.
GONTIJO
Tuma informou que, na busca por esclarecimentos, ouvirá Gontijo na segunda ou na terça-feira. Em discurso de defesa no Senado, Renan disse na segunda-feira que Gontijo é seu amigo pessoal e, de fato, repassou durante algum tempo os valores a Mônica, mas esses recursos eram de seu próprio bolso, e não do lobista.
¿Quero saber se Renan passou dinheiro direto para a Mônica Veloso, ou se passou para o lobista¿, disse Tuma, referindo-se aos pagamentos feitos no período anterior à data em que o presidente do Senado reconheceu a paternidade da criança - 21 de dezembro de 2005.
Aparentemente, Renan não possui recibos desses pagamentos. Tuma, que recebeu ontem das mãos do advogado do presidente do Senado documentos referentes a toda sua movimentação bancária entre 2003 e 2006, quer saber de Gontijo se lhe foi repassado dinheiro vivo para o pagamento da pensão.
EXTRATOS
O corregedor fez a ressalva de que ainda não analisou em detalhes a documentação entregue por Renan. ¿Ainda não deu tempo¿, alegou. Ele acrescentou que, nos extratos bancários, aparecem emissões de cheques e retiradas de dinheiro em valores que correspondem aos que o presidente do Senado citou em seu discurso de segunda-feira. Na ocasião, Renan declarou que, antes do reconhecimento da paternidade, pagava o aluguel e uma pensão de R$ 8 mil. ¿Tem muita coisa (nos extratos bancários) de R$ 8 mil. Se precisar, vou chamar o Banco Central e a Receita para comprovar a autenticidade desses documentos¿, disse o corregedor.
Tuma ressaltou, porém, que não tem dúvidas de que o presidente do Senado entregou documentos verdadeiros. Explicou que sua cautela é apenas para reforçar a autenticidade das provas perante os integrantes do Conselho de Ética.