Título: Saldo cairá US$ 12 bi, prevê mercado
Autor: Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2007, Economia, p. B5
O saldo da balança comercial deverá apresentar uma queda de cerca de US$ 12 bilhões entre este ano e 2010, na previsão de economistas. Na mais recente edição da pesquisa Focus do Banco Central, eles projetam que o superávit do comércio exterior brasileiro recuará de US$ 42 bilhões para cerca de US$ 30 bilhões no período.
Para a economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro, a diminuição do saldo será puxada pelo aquecimento da atividade econômica doméstica e por uma acomodação do ritmo de expansão da economia mundial. Pelo lado interno, o aquecimento da demanda, de acordo com a economista da Tendências, provocará um crescimento das importações.
'Teremos aumento das importações tanto para o consumo como para o investimento', diz Alessandra. Pelos dados da pesquisa Focus, as importações poderão aumentar 32% no período e saltar dos US$ 110 bilhões deste ano para US$ 145,2 bilhões em 2010.
'Este crescimento das importações é bem-vindo. A economia brasileira está precisando mesmo ter mais importações', afirma a economista-chefe da Mellon Global Investiment, Solange Srour.
Para as duas economistas, a expansão das importações ajudará a manter a inflação sob controle e aumentará o grau de eficiência da economia brasileira. Com a capacidade de produção maior, será possível crescer sem ter a volta da inflação. Para o período entre este ano e 2010, as projeções da pesquisa Focus indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro terá um crescimento entre 4% e 4,16%.
Alessandra estima que a economia mundial terá uma redução dos níveis de crescimento dos 5,4% de 2006 para algo como 3,5%. 'Com a diminuição do ritmo de atividade, é possível que os preços das commodities tenham alguma queda no período até 2010.'
BALANÇA
A mudança de cenário externo, entretanto, não será suficiente para provocar uma queda das exportações brasileiras. Pelo contrário, os dados da pesquisa Focus demonstram que, no período, as exportações ainda terão uma elevação de 12,8%. Com a alta, o total exportado crescerá dos US$ 152,1 bilhões deste ano para US$ 171,6 bilhões em 2010. 'É um cenário muito benigno', comenta a economista da Tendências.
Para a economista-chefe da Mellon Global, o aumento das reservas internacionais e a redução do grau de endividamento externo do país abriram espaço para uma redução do superávit da balança. 'O Brasil não precisa ter superávits de US$ 46 bilhões todo ano', afirma Solange.
A redução do superávit da balança comercial, por outro lado, deverá provocar uma desvalorização nominal da taxa média de câmbio entre este ano e 2010 em torno de 6,4%. 'Não é nada preocupante. Não chega a afetar a inflação. Tanto que trabalhamos com uma expectativa de inflação média para o período de aproximadamente 3,5%', diz a economista da Tendências. Com a desvalorização, a taxa média de câmbio subirá de R$ 2,02 para R$ 2,15, pelos dados da pesquisa Focus.
'Provavelmente voltaremos a ter uma taxa de câmbio acima dos R$ 2,00 com a queda do superávit da balança comercial', comenta Alessandra.