Título: Blindagem foi acertada sábado
Autor: Moraes, Marcelo de e Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/05/2007, Nacional, p. A5

A operação de blindagem do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), começou a ser executada no sábado, em reunião com os principais aliados em sua casa. Ao lado do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), Renan definiu a estratégia que mobilizaria não apenas as principais lideranças da Casa para prestigiar o discurso no plenário, mas todos os outros senadores.

A idéia era mostrar que a instituição estava solidária e fechada em favor do presidente do Senado. Por conta disso, Renan ligou para todos os senadores a partir de sábado pedindo suas presenças. Até o ¿grand finale¿ da blindagem foi definida nessas conversas. Ontem, no final do pronunciamento, Jucá pediu que Renan suspendesse a sessão para que os senadores pudessem cumprimentá-lo. Sem qualquer constrangimento, Renan atendeu ao pedido de Jucá e foi receber os abraços.

Desde cedo, o plenário do Senado estava lotado de aliados de todos os partidos para prestar solidariedade a Renan e garantir sua estabilidade política no comando da presidência da Casa. Numa cena rara, o plenário do Senado ficou lotado numa segunda-feira sem votação.

Com um discurso de menos de meia hora e em tom emotivo, Renan foi considerado convincente pelos senadores e deputados presentes. A única ressalva é que não podem surgir fatos novos. Fora disso, acreditam que não haverá conseqüências contra Renan.

¿Ele foi rápido, convincente, exibiu documentos e continua a merecer minha confiança¿, afirmou o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN). ¿Vou analisar ainda os documentos, mas ele continua tendo minha confiança¿, disse.

No mesmo tom, a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), destacou que Renan foi muito ágil em sua resposta e eficiente na apresentação dos documentos. ¿Acho que temos uma situação de estabilidade no Senado¿, concluiu Ideli, para quem o assunto não será levado adiante, a menos que surjam fatos novos. ¿O discurso foi bom, conciso e tocou nos pontos fundamentais¿, acrescentou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).

Previsto para começar às 16 horas, Renan já tinha platéia vip pelo menos uma hora antes, quando os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), por exemplo, estavam no plenário. Logo depois chegou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, que é senador licenciado e cuja indicação para o ministério foi bancada por Renan.

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), também acompanhou o discurso. Representantes do governo, como o líder na Câmara, deputado José Múcio Monteiro (PTB-PE), fizeram questão de prestigiar Renan. A romaria de cumprimentos continuou no gabinete da presidência.