Título: 'Chega de ficar vendo a China crescer'
Autor: Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/05/2007, Economia, p. B4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o Brasil precisa fazer frente à competição da China, se não quiser perder a oportunidade de conquistar um espaço de destaque no mercado internacional. 'Nós não podemos ficar deitados em berço esplêndido olhando a China crescer', disse o presidente, diante de uma platéia de empresários do setor siderúrgico, na abertura do 20º Congresso Brasileiro de Siderurgia, promovido pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) na capital paulista.

Dizendo estar 'de olho' na África, Lula lembrou que o continente terá em 20 anos um mercado consumidor de 1,3 bilhão de habitantes. 'Se um país como o Brasil não estiver de olho para se introduzir enquanto setor tecnológico no setor industrial desse continente, não pensem que os chineses irão esperar o Brasil tomar a decisão. Eles vão ocupar.'

Um dos passos nesse sentido, segundo Lula, é a internacionalização de empresas brasileiras. 'Quanto mais empresas brasileiras a gente tiver fincando sua bandeira junto às bandeiras de outros países, mais este país irá se transformar numa grande economia', disse Lula.

O presidente previu ainda que, no futuro, mercados como os Estados Unidos terão de rever as barreiras a produtos brasileiros para abrirem seus mercados ao aço, ao álcool e ao biodiesel produzidos no País. 'É uma questão de tempo.' Como base para esse desenvolvimento, ele insistiu na necessidade de investir nos setores energético e de infra-estrutura e na formação de mão-de-obra.

Lula insistiu ainda que, caso o País consiga reunir todas essas condições, serão afastadas também as incertezas características de períodos eleitorais. 'Queremos deixar o Brasil no final do segundo mandato preparado para que vocês nunca mais tenham medo de eleição.'

O presidente também disse aos empresários que o Brasil está 'prestes a atingir a perfeição na política monetária'. Segundo ele, esse processo é 'inexorável', contanto que não se faça mudanças surpreendentes na condução dessa política, com a tentativa de fazer 'magia'. 'Estamos consertando a política de juros e quase ninguém mais fala dela', disse o presidente.

Durante o evento, o presidente do IBS, Luiz André Rico Vicente, condicionou novos investimentos no setor a uma agenda que diminua a carga tributária sobre investimentos; licenças ambientais com menos burocracia; avanços na infra-estrutura logística; aperfeiçoamento dos mecanismos de defesa comercial; e luta contra subsídios de outros países produtores de aço.