Título: STJ afasta número 2 da PF por vazar informações
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2007, Nacional, p. A7

Por ordem da Justiça, a Polícia Federal afastou ontem das funções dois delegados, alcançados pela Operação Navalha. A medida atingiu o diretor-executivo Zulmar Pimentel, segundo homem da hierarquia da PF, e o superintendente na Bahia, Antônio César Nunes.

Além deles, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon determinou o afastamento do antecessor de Nunes, o atual secretário de Segurança Pública da Bahia, Paulo Bezerra, mas a PF informou que ele já está afastado desde janeiro, quando assumiu a secretaria. O despacho de Eliana informa que os três são suspeitos de vazamento de informações sigilosas da operação e responderão a inquérito criminal na 2ª Vara da Justiça Federal da Bahia. O afastamento deve durar 60 dias para que eles não interfiram nas investigações.

Acostumada a liderar as grandes operações, a PF reagiu mal ao abalo de ontem e entrou em crise. O diretor-geral, Paulo Lacerda, mandou abrir sindicância administrativa, que pode resultar até na demissão dos três a bem do serviço público.

Nunes e Bezerra são investigados em inquérito sobre envolvimento de policiais com uma quadrilha de empresários baianos especializada em fraudes de licitações de obras públicas. Pimentel é acusado de ter informado o superintendente no Ceará, João Batista Paiva Santana, de que estava sendo investigado pela PF e seria afastado.

OCTOPUS

A investigação contra policiais começou em 2005, com a Operação Octopus. O inquérito chegou ao STJ em junho de 2006, dando origem à Operação Navalha, com a constatação de que autoridades com direito a foro especial estariam envolvidas.

Nunes ficou conhecido como o delegado que conduziu o inquérito contra o ex-chefe da Assessoria Parlamentar da Presidência Waldomiro Diniz, que até hoje não foi concluído. Procurado ontem pelo Estado, ele incumbiu a assessoria da PF de responder. Segundo a assessoria, Nunes negou a acusação e entregou um notebook em cuja memória, acredita, estaria a prova da sua inocência.

Pimentel explicou ao Estado que foi ao Ceará em missão oficial, para avisar ao superintendente da PF que estava afastado. Antes mesmo da conclusão da sindicância, Lacerda confirmou a versão e afirmou que ele não cometeu irregularidade, pois foi ao Ceará como emissário seu. Ontem, o diretor-executivo disse acreditar que o envolvimento do seu nome parta de rivais na disputa sucessória.

Bezerra, por sua vez, voltou a afirmar que não teve nenhum envolvimento com esquemas de vazamento de informações e que só soube da investigação sobre ele depois de sua conclusão. ¿Fui informado que minha conduta tinha sido irrepreensível.¿ À noite, o governador baiano, Jaques Wagner (PT), decidiu manter Bezerra no cargo.