Título: Nigeriano assume e promete reforma
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2007, Internacional, p. A13

Umaru Yar¿Adua tomou posse ontem da presidência da Nigéria pedindo que as milícias no sul do país abandonem a violência. Ele prometeu rever as leis eleitorais, combater a corrupção e transformar a Nigéria na 20ª maior economia do mundo até 2020. Ao mesmo tempo, em Abuja, parte dos 36 governadores estaduais que também concluíram ontem seus mandatos deixavam o país temendo ações judiciais por corrupção.

As eleições, em março, foram marcadas por acusações de fraude - que favoreceram o Partido Democrático Popular, que já governava o país havia oito anos com o ex-presidente Olusegun Obasanjo. O Parlamento Europeu chegou a pedir a suspensão de toda a ajuda à Nigéria até que novas eleições fossem realizadas.

No discurso de posse, Yar¿Adua surpreendeu em seu discurso ao ¿reconhecer que as eleições tiveram falhas¿ e anunciou que criará uma comissão para examinar todo o processo eleitoral para ¿elevar a qualidade de nossas eleições e aprofundar a democracia¿. A posse de ontem foi a primeira, em 40 anos, entre dois governos civis e eleitos democraticamente.

O novo presidente ainda prometeu recuperar a ¿honestidade e transparência¿ e iniciar uma ¿guerra contra a corrupção¿. Empresários brasileiros na Nigéria, que não quiseram se identificar, admitem que propinas fazem parte do dia-a-dia do funcionamento do governo.

Durante o governo de Obasanjo, alguns ministros chegaram a ser demitidos por corrupção, uma verdadeira revolução no país. Yar¿Adua também prometeu a criação de um programa para acelerar o crescimento do país, que já chega anualmente a 6%, graças aos lucros do petróleo.

Poucos líderes estrangeiros viajaram para a posse em Abuja. Entre os chefes de Estado, apenas o do Senegal, Chade, África do Sul e Gana compareceram. Países europeus e os EUA não enviaram representantes. O Palácio do Planalto designou o embaixador brasileiro em Abuja, Pedro Luiz Rodrigues, como representante pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.