Título: TV digital estréia sem interatividade
Autor: Marques, Gerusa
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2007, Economia, p. B11

A TV digital corre o risco começar a operar no Brasil, em dezembro, sem a principal novidade em relação à TV comum: a interatividade. Diferentemente da TV analógica, a digital permite acessar a internet e consultar e-mails. Mas o governo tem dúvida sobre a oferta dos novos serviços, por causa do preço.

Uma TV com muitos recursos de interatividade exigiria a produção de aparelhos conversores de analógico para digital complexos e caros. Se for produzido um conversor muito simples, o consumidor acabará gastando mais para trocar de aparelho pouco tempo depois.

Esse foi um ponto sobre o qual os ministros que fazem parte do Comitê de Desenvolvimento da TV Digital não chegaram a um acordo, segundo fonte que participa das discussões. Eles se reuniram na segunda-feira à noite e aprovaram as principais normas técnicas que deverão constar do Sistema Brasileiro de TV Digital.

A idéia é permitir um mínimo de interatividade, como usar o conversor para algumas funções de internet, como acesso a serviços de governo, entre eles os dados da Previdência e a conta do FGTS. Não há, porém, nenhuma decisão sobre o assunto.

Entre as normas aprovadas está a que permitirá ao telespectador gravar programas. O ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, que integra o comitê, informou ontem que os ministros vetaram a instalação de um bloqueador nos conversores, que impediria a gravação de vídeos. 'Se é TV aberta, poderá ser gravada por quem receber. Essa é a posição do governo', disse Rezende, após participar do lançamento da Frente Parlamentar da Tecnologia da Informação.

Segundo ele, é impossível controlar que pela TV digital ou pela internet se baixem arquivos e copiem vídeos para uso pessoal. 'As pessoas não têm o direito de comercializar nem de reproduzir', esclareceu.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, que também integra o comitê, já havia se manifestado contra o bloqueador. Ele defende que o controle da pirataria seja feito com base na legislação de direitos autorais. 'Quem fizer pirataria tem que responder perante a Justiça', afirmou Costa.

As normas aprovadas devem ser seguidas pelas produtoras de conteúdo e pelos fabricantes de televisores e conversores. Esses aparelhos vão permitir a melhora significativa da imagem, entre outras vantagens. Deficientes auditivos poderão acionar um ícone eletrônico que traduzirá os programas para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).