Título: Para advogado, Vavá não tem nível cultural para ser lobista
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2007, Nacional, p. A4

Genival Inácio da Silva, o Vavá, ¿é um homem muito simples, de pouca cultura, não sabe se portar perante um ministro e não tem condições de ser um lobista¿. Com essa argumentação, o seu advogado Nelson Passos Alfonso tentou ontem isentá-lo de culpa na acusação, feita pela Polícia Federal, de intermediar esquemas escusos da máfia dos caça-níqueis.

Cedo, a imprensa foi convocada para uma entrevista coletiva, em São Bernardo do Campo, na qual Vavá se defenderia. Mas o irmão de Lula não compareceu e foi substituído pelo advogado e pelo filho Edson Inácio Marin da Silva. O principal argumento do advogado foi que Vavá não tem condições intelectuais para intermediar esquemas junto ao governo.

Mas questionados sobre o trecho de uma gravação em que Vavá afirma que já falou com alguém ¿sobre as máquinas¿, os dois sugeriram que ele se referia a máquinas de terraplenagem, e não a caça-níqueis, além do que - garantiram - a conversa não girou sobre favorecimentos do governo a empreiteiras.

CONTRADIÇÕES

¿Na gravação não ficou claro qual seria o assunto porque não havia nada sobre máquinas ou empreiteiras nas gravações anteriores¿, defendeu Edson, que alegou não reconhecer a voz do interlocutor de Vavá na conversa. Pouco depois, em clara contradição, o advogado afirmou que não poderia revelar a identidade do interlocutor, uma vez que o processo está correndo em sigilo de Justiça.

Outra contradição se registrou quando Edson disse que o personagem Rinaldo (possivelmente, um funcionário do Banco do Brasil), a quem Vavá pede R$ 2 mil numa das gravações feitas pela Polícia Federal, é um parente e amigo. ¿O pedido pode ter sido feito apenas por amizade e necessidade¿, justificou. Mas o filho não soube explicar como o pai pagou uma viagem a Brasília este ano, se estava em dificuldades financeiras.

O filho e o advogado negaram também que Vavá tenha feito viagens freqüentes a Brasília. Segundo Alfonso, seu cliente não conhece os prédios dos ministérios e nunca foi à sede do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. ¿Se ele foi para lá esse ano, foi uma vez só¿, assegurou.

Alfonso se negou a responder a algumas perguntas, alegando que ainda não teve acesso a todas as informações de que precisa. Apesar disso, garantiu que Vavá tem ¿total inocência¿ no caso. ¿As acusações estão sendo feitas apenas com base em indícios colhidos pela Polícia Federal, mas não existem provas¿, disse.