Título: Delegado será intimado a explicar vazamento
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2007, Nacional, p. A4

A Polícia Federal decidiu intimar o delegado Aldo Brandão a depor sobre a suspeita de vazamento de informações para pessoas investigadas pela Operação Xeque-Mate. Pelo menos duas conversas telefônicas interceptadas com autorização judicial revelam que o delegado, lotado na Superintendência da PF em Mato Grosso do Sul, teria alertado o suposto chefe da máfia dos caça-níqueis, Nilton Servo, de que ele estava sendo investigado e seria preso.

A conversa mais comprometedora ocorreu em 19 de abril, entre Elenilton Andrade e Alexandre Ribeiro, ambos presos na operação.

Elenilton conta a Alexandre que ¿o Aldo delegado avisou¿, havia 15 dias, para ¿tirar o equipamento da rua¿ e explica que ¿uma operação seria deflagrada¿. Elenilton dá a entender que o delegado o avisara de que haveria prisões, inclusive a de Servo. ¿Ele disse que (a PF) vai descer um monte de mandado de prisão e que Nilton Servo será um dos primeiros a ser preso¿, relata Elenilton a Alexandre.

A assessoria de imprensa da PF confirmou que, diante das citações, o delegado terá de se explicar, mas, por enquanto, continua no cargo. Caso não seja convincente, será afastado, como ocorreu recentemente na Operação Navalha, em que três delegados da cúpula da corporação foram punidos pela Justiça por suspeita de divulgação de informações sigilosas.

Embora negue vazamento político para preservar a figura do presidente Lula, a PF admite a possibilidade de alguém da corporação ter informado membros da quadrilha. Fatos desse tipo, segundo a PF, embora raros, já foram constatados e punidos em operações anteriores.

CONVOCAÇÃO

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio, apresentará amanhã requerimento para convocar o ministro da Justiça, Tarso Genro, a falar na Casa sobre a denúncia de que Dario Morelli Filho, compadre de Lula, teria sido alertado por alguém do governo para o monitoramento que a Polícia Federal fazia sobre suspeitos de ligação com a máfia dos caça-níqueis.

¿Se o ministro tiver explicações, ótimo. Se não, teremos de investigar até com uma CPI¿, disse ontem o líder tucano. Pannunzio comparou a ligação do presidente com Morelli à que mantinha com outro compadre, Roberto Teixeira, e com o ex-assessor Freud Godoy, envolvido na compra de um dossiê contra os tucanos na campanha presidencial de 2006. ¿São pessoas do círculo íntimo do presidente¿, afirmou.