Título: 1 acidente de caminhão a cada 5 minutos
Autor: Reina, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2007, Metrópole, p. C1

Um caminhão se acidenta a cada 5 minutos nas estradas federais. É o que mostra um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), com base em dados revisados recentemente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também foi feito um ranking de gravidade das rodovias, que aponta a Fernão Dias como a pior estrada do País. No Estado de São Paulo, porém, os trechos mais críticos estão na Régis Bittencourt.

De acordo com o Ipea, a diminuição na quantidade de acidentes e o aumento no número de mortos indicam que a gravidade dos desastres nas estradas aumentou. E as más condições das rodovias brasileiras, somadas à imprudência dos motoristas, levam a outro recorde negativo: segundo o sistema de informações de morbi-mortalidade do Ministério da Saúde, são registradas no País 35 mil mortes na área de transporte por ano. Há 4 por hora, uma a cada 15 minutos.

Em 12 meses - segundo semestre de 2004 e primeiro semestre de 2005 -, foram registrados 110.086 acidentes envolvendo caminhões. Esse número diminuiu em comparação ao período anterior, que teve 112.457. Em compensação,foram registradas 6.346 vítimas fatais, ante 6.119 no mesmo período dos anos anteriores. A quantidade de feridos também cresceu: de 66.117 para 68.524.

Essa estatística do governo federal leva em conta ainda acidentes com transporte aéreo e hidroviário. Mas o impacto de vítimas fatais nessas duas modalidades é pequeno na análise geral: no período de um ano, somaram aproximadamente 200 mortes.

Os acidentes com transporte são a segunda maior causa externa de morte no País. Perdem somente para as agressões. ¿O Código Brasileiro de Trânsito afirma que as autoridades têm de garantir a segurança viária. É preciso destacar que os recursos obtidos com as infrações (multas) deveriam ser aplicados em segurança de trânsito. E não é bem assim que acontece¿, alerta Patrícia Alessandra Morita, técnica de planejamento e pesquisadora do Ipea.

Para fazer um ranking das estradas, foram analisados os números de acidentes e de vítimas, a sinalização, a fiscalização, o pavimento, a sinuosidade e até os roubos. Com base nesses quesitos, a BR-116 (Régis Bittencourt) tem os cinco piores trechos no Estado de São Paulo, entre o km 120 e o km 240 (veja quadro acima). Levando em conta a extensão total das estradas, a BR 381 (Rodovia Fernão Dias), que passa pelos Estados de São Paulo, Minas e Espírito Santo, foi considerada a mais perigosa do País. O pior trecho em solo paulista está entre o km 60 e km 80. No ranking nacional, a Régis aparece em quarto entre as mais perigosas.

A avaliação do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (Dnit), do Ministério dos Transportes, também indica ao motorista estado de atenção na BR-116 e cuidado na BR-381. Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) ainda alerta para problemas nessas duas estradas. A CNT classifica ambas apenas como ¿regulares¿. Apesar dos trechos altamente perigosos, o estudo do Ipea revela, segundo a técnica Patrícia Morita, que os ¿acidentes em São Paulo são menos graves devido à fiscalização e aos melhores pavimentos das estradas¿.

MINAS

¿Com fiscalização, o motorista fica mais prudente¿, afirma a técnica. O Estado com maior número de problemas é Minas Gerais, seguido por Goiás. Ambos lideram, respectivamente, as estatísticas em número de acidentes e em número de mortos nos acidentes envolvendo produtos perigosos.

O estudo não trata apenas das vítimas. Além das mortes e da perda da carga causadas pelos acidentes com caminhões, há os impactos ambientais relacionados a esses acidentes - principalmente quando envolvem produtos químicos.