Título: Mundo movimenta US$ 1 tri em propinas
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2007, Nacional, p. A4

A corrupção é uma indústria que movimenta US$ 1 trilhão em propinas no mundo, por ano, segundo cálculos do Banco Mundial (Bird). E é uma indústria que não pára de crescer. ¿Infelizmente, a corrupção no mundo não está diminuindo¿, diz Daniel Kaufman, diretor do Instituto Banco Mundial. Mas a boa notícia é que, apesar de a corrupção na média não estar caindo, alguns países têm sido bem-sucedidos no combate à roubalheira.

De acordo com Kaufman, a situação está melhorando em Botsuana, Madagáscar, Chile e nos países Bálticos. Já na América Latina, não houve melhora significativa, mas alguns países estão acima da média, como Uruguai, Costa Rica e Chile.

Esforços para reduzir a corrupção aumentam a competitividade dos países, atraem investimento estrangeiro e até colaboram na redução de mortalidade infantil. De acordo com levantamento do Bird, países que implementam medidas de controle da corrupção conseguem, no longo prazo, aumentar a renda per capita em 300% e reduzir a mortalidade infantil em 66%.

Maior honestidade também está ligada a menores taxas de analfabetismo, redução de pobreza e desigualdade de renda.

Sob o comando de Paul Wolfowitz, o Banco Mundial elegeu o combate à corrupção como uma de suas prioridades e chegou a vetar empréstimos para países supostamente mais corruptos. Wolfowitz se viu obrigado a renunciar à presidência do banco na semana passada em meio a um escândalo envolvendo sua namorada, Shaha Riza. Riza era funcionária do Banco Mundial e foi transferida para o Departamento de Estado em setembro de 2005, pouco depois de ele assumir a presidência do Bird. Nessa transição, Shaha ganhou um aumento salarial de US$ 61 mil (mais de 40%), a pedido de Wolfowitz. O salário dela foi para US$ 193.590 líquidos por ano e Riza passou a ganhar mais do que a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, que recebe US$ 183.500 brutos por ano.

¿Ao falar sobre corrupção no mundo, preciso reconhecer, de forma franca, que precisamos fazer aqui no Banco Mundial o que pregamos em outros países¿, disse Kaufman. ¿Espero que essa crise de integridade do banco seja uma oportunidade para nossa instituição implementar reformas de governança.¿