Título: Distância do PMDB pode até favorecer indicado a ministro
Autor: Domingos, João e Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2007, Nacional, p. A10

Desde que os senadores peemedebistas José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL) indicaram o nome de Márcio Zimmermann para substituir Silas Rondeau no Ministério de Minas e Energia, o PMDB da Câmara tem se divertido para valer. Entre os deputados foi estabelecida uma espécie de jogo, no qual ganhará aquele que descobrir evidências que liguem Zimmermann ao PMDB.

Há o risco de o jogo terminar sem vencedor. Ninguém conseguiu nada até agora. E pelo jeito, não conseguirá. O atual secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério é tão distante do PMDB quanto do PSDB. É um técnico que, pelo trabalho realizado na Eletrosul, acabou sendo chamado para o Ministério de Minas e Energia em 2004, pela então ministra Dilma Rousseff, hoje na Casa Civil. Continuou ligado a ela. Tanto é que, nas rodadas de negociação para concessão de licença prévia às hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, no Rio Madeira, Dilma costumava delegar a Zimmermann o direito de falar por ela.

De acordo com informações de bastidores do ministério, Zimmermann nem sequer conhece pessoalmente Sarney e Renan - o que pode até ser uma vantagem, agora que o presidente do Senado se vê envolvido em acusações graves. Os dois só se tornaram seus padrinhos porque, por trabalhar no setor elétrico e depois no ministério, Zimmermann e Rondeau acabaram por se aproximar. Como o diretor de Planejamento não é ligado ao PT, Rondeau e ele, dois técnicos, puderam entabular conversas também técnicas, fugindo dos objetivos políticos que envolvem os bate-papos de petistas.

Na última quarta-feira, enquanto buscavam uma saída honrosa para Rondeau, que se demitira depois de ser apontado pela Polícia Federal como suspeito de receber propina de R$ 100 mil, Sarney e Renan quebravam a cabeça para encontrar um nome que pudesse assumir o ministério.

Lembraram de seus dois favoritos - José Antonio Muniz, ex-presidente da Eletronorte, e Astrogildo Quental, diretor-financeiro da estatal -, mas concluíram que, depois do escândalo apurado pela Operação Navalha, estavam muito fragilizados. Afinal, os grampos telefônicos mostravam cada vez mais que o escândalo estava nas proximidades do PMDB do Senado e Renan já era citado em várias conversas.

Nessa confusão, e tendo de resolver o problema do preenchimento de uma vaga importante pela frente, Sarney e Renan foram salvos por Rondeau. O ex-ministro disse-lhes que no ministério havia um técnico muito bom, com o perfil defendido pelo presidente Lula e pela ministra Dilma. E a melhor notícia: não tinha ligação partidária e era ligado à chefe da Casa Civil. Sarney e Renan adotaram imediatamente a indicação de Zimmermann. Fizeram apenas uma recomendação: de que se reúna com a bancada de senadores, se vier a ser nomeado pelo presidente Lula.