Título: Oposição tentará barrar Venezuela no Mercosul
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2007, Internacional, p. A14
Os partidos da oposição (PSDB e DEM) reagiram ontem aos elogios que o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, ministro Marco Aurélio Garcia, fez no domingo ao regime de Hugo Chávez, e anunciaram que vão obstruir a tramitação, na Câmara e no Senado, do protocolo que prevê a adesão da Venezuela ao Mercosul. O protocolo está nas comissões técnicas da Câmara - já foi aprovado pelo Paraguai e Argentina, que também integram o bloco.
Para o presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), as declarações de Garcia foram 'desrespeitosas e inoportunas, um procedimento que envergonha a todos nós, brasileiros'. Para Fortes, as declarações mostram que o governo brasileiro está 'acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo'.
O líder dos tucanos, senador Arthur Virgílio (AM), chamou o assessor de Lula de 'professor diletante.' E acrescentou: 'Ele não pode contrapor-se a uma das diplomacias mais profissionalizadas do mundo.'
Na quarta-feira, os senadores aprovaram uma moção pedindo ao presidente da Venezuela que revisse a posição sobre o fechamento da RCTV. Acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita oficial à Índia (ler no Caderno de Economia), Marco Aurélio Garcia admitiu, anteontem, que a moção dos senadores 'não foi ofensiva', mas acrescentou que não via 'nada de ilegal' na não renovação da licença da RCTV.
Ontem, na tribuna, os discursos contra Chávez uniram parlamentares da oposição e do governo. Os líderes do DEM e do PSDB, senadores José Agripino (RN) e Arthur Virgílio (AM), anunciaram a decisão dos partidos de 'obstaculizar' a tramitação da proposta que trata do termo de adesão da Venezuela ao Mercosul, se Chávez não se retratar. 'Faremos isso em nome do respeito a um pilar muito importante que é exigido de qualquer participante ou sócio do Mercosul, que é a absoluta vigência do regime democrático e seus princípios', alertou Agripino.