Título: Imazon lança site de mapas da Amazônia
Autor: Amorim, Cristina
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2007, Vida&, p. A22
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) lança hoje, em Belém, um portal na internet que reúne todas as informações públicas obtidas por georreferenciamento da Amazônia. O site, chamado de ImazonGeo, permite a qualquer usuário montar seu próprio mapa, com dados gerados pelo instituto, órgãos federais e agências internacionais.
O site entra em operação a partir desta tarde. Acesse o endereço. Segundo o pesquisador Carlos Souza Jr., coordenador do projeto, a intenção era ¿criar uma ferramenta útil para outras instituições¿. Para isso, reúne séries históricas de desmatamento e queimadas, mapeamento de obras públicas, áreas protegidas e assentamentos, dados geográficos, entre outros.
Um exemplo, diz Souza, é seu uso pelo Ministério Público Federal no Pará, que pretende seguir desmatamentos e queimadas em unidades de conservação. Ele diz também esperar que o site seja freqüentado por ONGs locais e por escolas.
Com isso, o Imazon faz o que o Ministério do Meio Ambiente tem dito, nos últimos anos, que faria: democratizar para toda a sociedade o que se sabe sobre dinâmica humana da região.
A navegação é totalmente aberta. Todo o sistema foi criado pela equipe do Imazon, apenas com informações de domínio público e software livre. Assim, ele pode ser repassado a outras organizações - e governos - interessados em replicá-lo. O governo da Bolívia já estuda sua utilização para acompanhar o desmatamento em seu território.
COMPARAÇÃO
Esse não é o primeiro portal brasileiro a fornecer informações sobre a situação ambiental da Amazônia. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monta os informes oficiais do desmatamento da região, mantém dados em sua página na internet, por exemplo, assim como a Embrapa Monitoramento por Satélite, que acompanha a ocorrência de queimadas.
Essa é uma das vantagens do ImazoGeo em relação às contrapartidas governamentais. Ele reúne, em um único local, boa parte dos dados disponíveis sobre a Amazônia.
O sistema é bastante amigável à navegação - ao contrário, por exemplo, do site do Inpe, que exige conhecimentos básicos de georreferenciamento para que os dados sejam processados corretamente.
O site do Imazon permite salvar e imprimir qualquer mapa, além de gerar gráficos e relatórios sobre municípios, áreas protegidas e distritos florestais (por enquanto, só o da BR-163, o único oficialmente lançado pelo governo federal). No site do Inpe, por sua vez, gerar um mapa que possa ser depois impresso exige o download de um programa específico para especialistas - e difícil de ser manipulado por alguém que não faça um curso sobre o assunto.
PARTICIPAÇÃO
Também estão lá todos os mapas já produzidos pelo Imazon, como dinâmicas de ocupação, pressão humana sobre as reservas naturais, vias de transporte de madeira - oficiais e não-oficiais, além dos relatórios produzidos pelo Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD).
Esse é primeiro ¿vigia¿ independente da Amazônia, testado no Mato Grosso - campeão anual de derrubada - desde o ano passado. Nos próximos meses também olhará para a ação em unidades de conservação no Pará. A intenção, diz Souza, é ampliar o monitoramento para todos os Estados amazônicos.
Com o lançamento, o Imazon se firma como fonte de informação independente sobre a Amazônia. O instituto, voltado essencialmente à pesquisa e à disseminação de informações, já havia dado demonstrações de que tem condições de compensar o governo com ferramentas inovadoras.
Além de produzir séries de estudo sobre a integração entre homem e ambiente, o setor de sensoriamento remoto tem recebido grande incentivo nos últimos anos. O sistema de acompanhamento por satélite das concessões florestais, que podem ser dadas neste ano, é resultado de uma parceria entre Imazon e Inpe.
DADOS DO IMAZONGEO
1.300 km2 de área desmatada fazem de São Félix do Xingu (PA) o município que mais derrubou árvores na Amazônia em 2005
700 pontos de queimada foram registrados neste ano pelo satélite Aqua, da Nasa, na reserva indígena de São Marcos (RR)
2.268 km2 foram desmatados em MT de agosto de 2006 a abril de 2007.