Título: Mantega confirma troca de comando no Tesouro
Autor: Velloso, Thiago
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2007, Economia, p. B6

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem a nomeação do economista Arno Augustin para a secretaria do Tesouro Nacional, no lugar de Tarcísio Godoy. Segundo ele, Godoy volta a ocupar o antigo posto de secretário-adjunto do órgão. 'Godoy fez ótimo trabalho nos meses em que esteve à frente do Tesouro e cumpriu as metas que lhe foram dadas', disse Mantega.

Dizendo que Augustin é 'excelente economista', o ministro ressaltou as suas passagens pelo governo federal e do Rio Grande do Sul como secretário-adjunto do Ministério da Fazenda e titular da Fazenda gaúcha. 'Ele poderá se juntar à experiência do Tarcísio e dar contribuição muito importante.'

Em São Paulo, Mantega fez uma defesa enfática da manutenção da meta de inflação de 4,5% para os próximos anos. No dia 26, o Conselho Monetário Nacional (CMN), do qual ele faz parte, vai se reunir para estabelecer a meta de inflação para 2009.

Segundo ele, a meta de 4,5% conseguiu compatibilizar um juro cadente, inflação sob controle e o crescimento econômico. 'Esses três fatores são importantes', analisou. 'Aquilo que dá resultado deve ser mantido.'

Para o ministro, o Brasil encontrou o número ideal para a meta de inflação e poderia ser um erro reduzi-lo, como desejam alguns agentes do mercado. 'Não adianta ambicionar uma meta de inflação muito baixa e quebrar a cara, como já aconteceu no passado.'

Uma meta abaixo de 4,5%, em sua opinião, pode provocar a necessidade de elevação dos juros básicos por parte do Banco Central, que poderia comprometer o crescimento econômico. 'Nada impede que consigamos, sim, a inflação abaixo do centro da meta', disse. 'Mas eu gosto da meta de 4,5%.'

INDÚSTRIA DE VEÍCULOS

O Ministério da Fazenda deverá anunciar em 30 dias, no máximo, um conjunto de medidas para aumentar as exportações do setor de automóveis, segundo informou Mantega, sem especificar quais serão as ações. Ele se reuniu com dirigentes do Sindicato Nacional da Indústria de Autopeças (Sindipeças) e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e recebeu uma série de propostas que visam ao aumento da capacidade produtiva do setor e a ampliação das exportações.

O ministro afirmou que o governo estudará as medidas e algumas poderão ser postas em prática no curto prazo. 'Gostei das propostas que ouvi. São muito bem elaboradas e nós as levaremos em consideração', disse, ressaltando que parte delas 'é exeqüível'.

As propostas passam por um programa de incentivos fiscais e financeiros. Mantega considera que um dos grandes problemas a serem enfrentados pela indústria no curto prazo é a capacidade instalada, que já se aproxima do limite. Segundo a Anfavea, as montadoras devem produzir 2,8 milhões de veículos este ano, ante uma capacidade total de 3,5 milhões.

De acordo com o ministro, o governo decidiu enfrentar o desafio de ampliar fortemente a capacidade do setor, que representa 18% da receita da indústria manufatureira. 'Queremos duplicar a produção brasileira nos próximos anos', disse.

Embora venha batendo recorde de vendas internas, o setor reclama da queda das exportações, por causa do câmbio. De janeiro a abril, o recuo no volume exportado foi de 10,6% ante 2006. Entre as medidas apresentadas pelas entidades está a devolução do crédito de ICMS das exportações, retido pelos governos federal e estaduais.

Também pediram a ampliação de prazos para pagamento de impostos, isenção de IR para lucros incrementais reinvestidos, transferência de impostos da compra para o uso do carro e ampliação e facilidades de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de compensação tributária para carros que emitirem menos poluição.