Título: 'Polícia fez o que vale para todo brasileiro'
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2007, Nacional, p. A4

Em entrevista aos repórteres que acompanham sua visita oficial à Índia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com tranqüilidade ao noticiário sobre a Operação Xeque-Mate e a ação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na residência de seu irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá, em São Bernardo do Campo. Lula pediu ¿serenidade¿ nas investigações, mas disse que a PF fez com ele - por quem o presidente afirmou ter ¿carinho extraordinário¿ - o que, ¿com determinação judicial, vale para qualquer um dos 190 milhões de brasileiros¿.

Lula abriu a entrevista elogiando a PF, dizendo que ela ¿está cumprindo um papel extraordinário¿ e ¿vai continuar investigando todas as pessoas com determinação judicial¿. Emendou, em seguida, com uma avaliação do irmão: ¿Conheço o meu irmão há 61 anos, eu sou capaz de duvidar que meu irmão tem algum problema (...) Eu não acredito que o Vavá tenha atividade (ilícita).¿ Enfático, o presidente disse: ¿Não acredito que o Vavá tenha algum envolvimento. Não acredito, não acredito. Mas não acredito mesmo. De verdade.¿

INDICIADO

A casa de Vavá foi alvo de busca e apreensão, na segunda-feira. Ele não foi preso, mas está entre os indiciados pela PF, sob acusação de ¿tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio na Justiça¿. Lula falou à imprensa no hall do hotel onde se hospedou, em Nova Délhi.

Na capital indiana, a comitiva divulgou a informação de que o presidente não gostara de ficar sabendo da operação da PF com dez horas de atraso - o que não era verdade, uma vez ele recebeu o primeiro alerta na quinta-feira da semana passada. Pela versão dos assessores, Lula teria sido um dos últimos a ser alertado do episódio - a PF bateu à porta de Vavá por volta das 6h30, mas o presidente recebeu um telefonema às 16h30, no horário de Brasília.

Ao relatar como foi avisado, Lula foi lacônico: ¿O Tarso só me disse que tinham feito a operação, que ia ter a investigação, que tinha investigação na casa de meu irmão, e eu acho que isso é normal.¿

Lula reconheceu-se tão dividido no caso como na discussão sobre a legalização do aborto com o papa Bento XVI, em maio. Como presidente, disse, teria de se resignar sobre a investigação do irmão, uma vez que a Polícia Federal tinha uma autorização judicial e o nome de Vavá estava entre os suspeitos. ¿Paciência¿, resumiu.

O presidente também admitiu que conhece Dario Morelli Filho, assessor técnico da Companhia de Saneamento de Diadema (Saned), preso na operação da PF, e que é padrinho de seu filho. Alegou não saber de sua prisão e disse que o ministro da Justiça, Tarso Genro, só antecipara que Morelli constava da lista de suspeitos. ¿Se foi preso, ele será investigado, interrogado e depois haverá um veredicto¿, disse o presidente, alegando que todos são inocentes até que se prove o contrário.

Lula afirmou que a PF é uma ¿polícia republicana¿, por não escolher partido nem religião. E recomendou aos brasileiros que ¿andem corretamente¿: ¿Quem pisar na bola vai ser investigado.¿