Título: Compadre de Lula nega envolvimento com máfia
Autor: Naves, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2007, Nacional, p. A6

Dario Morelli Filho, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso na Operação Xeque-Mate da Polícia Federal, negou qualquer envolvimento com a máfia dos caça-níqueis, em depoimento prestado ontem na cidade de Campo Grande (MS). Nos esclarecimentos que deu à PF, o petista confirmou que um de seus filhos foi batizado pelo presidente Lula e pela primeira-dama, Marisa Letícia, e admitiu ser amigo de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula indiciado em decorrência da mesma operação.

Morelli, que foi preso pela PF em Campo Grande, trabalha como assessor técnico da Companhia de Saneamento de Diadema (Saned). Mas ele foi afastado da empresa, sem pagamento de salário, até que seja esclarecida sua situação.

De acordo o advogado Milton Fernando Talzi, que defende Morelli, seu cliente também negou durante o depoimento a informação de que manteria sociedade com Nilton César Servo, tido como o chefe de cinco grupos de ¿empresários¿ donos de bingos e máquinas de caça-níqueis em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Ainda segundo o advogado, os dois se conheceram na casa de praia de Vavá em Caraguatatuba, no litoral paulista, e tornaram-se amigos. Talzi evitou comentar vários detalhes do depoimento, inclusive o conteúdo de conversas telefônicas entre Vavá e Morelli.

PRAZOS

Iniciados ontem de manhã, os depoimentos dos acusados na Operação Xeque-Mate só devem ser encerrados no fim da próxima semana, de acordo com previsões fornecidas pela Polícia Federal. No total, foram expedidos 85 mandados de prisão pelo juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Igor Kita Conrado. Ele se recusou a fazer qualquer comentário sobre sobre o andamento das investigações ou a atuação da Justiça Federal, sob o argumento de que todo o caso corre sob segredo de justiça.

Até ontem, o número de pessoas detidas pelos policiais federais chegou a 79. De acordo com a PF, restam apenas 6 mandados de prisão a serem cumpridos, referentes a acusados que não foram localizados desde o início da Operação Xeque-Mate.

Por enquanto, a PF não detalhou as acusações que pesam sobre cada um dos presos. A idéia é aguardar até que estejam concluídos todos os depoimentos e indiciamentos, quando todas as acusações estiverem oficialmente formuladas.