Título: Acusado de chefiar máfia é preso em MG
Autor: Fadel, Evandro e Naves, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2007, Nacional, p. A8

A Polícia Federal prendeu ontem à tarde em Minas Gerais Nilton Servo, considerado o chefe da máfia dos caça-níqueis. Segundo as investigações da Operação Xeque-Mate, Servo comandava cinco grupos de empresários de casas de bingos e donos de máquinas caça-níqueis. As reuniões para agendar a distribuição de propina - com o objetivo de facilitar as atividades da organização - aconteciam no Paraná, de acordo com a PF.

O empresário, que será transferido para Campo Grande (MS), é amigo do irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o Vavá, também alvo da Xeque-Mate.

Ex-deputado estadual do Paraná na legislatura de 1991 a 1995, Servo se notabilizou por tentar legalizar o jogo do bicho, proposta que ficou conhecida como ¿zooteca¿. No projeto 32/92, Servo pretendia instituir o ¿concurso de prognóstico sob o resultado de sorteio de números junto à loteria estadual¿. A proposta foi rejeitada em plenário no dia 14 de abril de 1992.

¿TRUCULENTO¿

Como empresário do jogo, Servo travou grande batalha com o governo do Paraná desde 2003. A casa de bingo da qual era sócio em Curitiba, o Kennedy Center Bingo, foi uma das últimas a fechar as portas, há cerca de um ano. De acordo com o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, Servo era um dos que mais insistiam para manter a casa aberta em Curitiba. ¿Se fosse defini-lo diria que é truculento, grosseiro e com o espírito bastante armado¿, disse. Segundo Delazari, Servo agia no Paraná mais em bingos fechados, sem apostar na administração de caça-níqueis em locais abertos.

Com os bingos proibidos no Estado por decisão do governo, as casas foram fechadas pela polícia, mas algumas passaram a funcionar com liminares judiciais. No caso do Kennedy Center Bingo, houve pelo menos cinco tentativas de reabertura, com o conseqüente fechamento. O bingo acabou perdendo o direito de operar por decisão da Justiça em Curitiba e do Tribunal Regional Federal, em Porto Alegre. No entanto, entrou com outra ação em Campo Grande e a 2ª Vara Federal concedeu-lhe liminar. Ela somente foi derrubada em maio do ano passado, pelo Tribunal Regional Federal, em São Paulo, quando a casa foi definitivamente fechada.

Nascido em Mandaguaçu, mas com domicílio eleitoral na vizinha Maringá, Servo tentou ser prefeito da cidade em 1996. Teve apenas 529 votos. Em 1998, foi o último colocado entre os cinco candidatos ao Senado pelo Paraná.

Em 2002, ficou fora da Assembléia Legislativa paranaense, somando 12 mil votos. A partir daí começou a apostar em Mato Grosso do Sul, candidatando-se a prefeito de Sorriso em 2004 e, no ano passado, disputando uma vaga na Câmara dos Deputados. Também não obteve sucesso. Na década de 90, ele também teve uma passagem pela presidência do Grêmio Maringá, time que disputava a primeira divisão do Campeonato Paranaense.