Título: PF deve pedir a prorrogação da prisão de indiciados
Autor: Marin, Denise Chrispim e Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2007, Nacional, p. A4

A Polícia Federal deve pedir hoje à Justiça a prorrogação da prisão temporária, válida por cinco dias, de todos os acusados de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis, desmantelada na Operação Xeque-Mate. Os policiais querem manter os indiciados presos para concluir a análise dos depoimentos.

Com a prisão do médico Hércules Mandetta Neto, que se apresentou anteontem à noite à Superintendência da Polícia Federal em Campo Grande, subiu para 80 os detidos na operação.

Durante todo o dia de ontem, seis delegados da PF passaram debruçados sobre os 80 depoimentos colhidos. Somente depois da análise do material e vencido o prazo da prorrogação da temporária, os policiais decidirão de quais os presos solicitarão a prisão preventiva.

Até agora, é dado como certo o requerimento da preventiva de dois indiciados: o ex-deputado Nilton Cezar Servo, acusado de contrabandear máquinas de caça-níqueis do Paraguai e distribuí-las a vários Estados, e o compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dario Morelli Filho, que, segundo a PF, pertenceria à quadrilha e seria dono de máquinas de jogos.

O advogado Márcio César de Almeida Dutra, preso na segunda-feira, foi internado anteontem à noite na Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande. Ele teve um mal-estar na cela. A Polícia Federal não confirmou a informação de que o preso teria sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Disse apenas que Dutra tem problemas de pressão e foi internado.

Depois de 12 horas de interrogatório, não ficou estabelecida qualquer ligação entre Servo e o irmão mais velho do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, que caracterizasse algum crime. A avaliação é do advogado do acusado, Marco Rasslan. Segundo ele, ¿não houve menção a pagamento de propina ao meu cliente ao Vavá¿.

As investigações teriam apontado que Vavá recebia dinheiro de Servo e, em troca, prometia benefícios e vantagens em órgãos governamentais.

Rasslan lamentou que não tenha tido acesso aos depoimentos. ¿Estou de mãos atacadas, como os meus colegas. Não tenho os autos e isso só conseguiremos na sexta-feira (hoje)¿. É a mesma reclamação do advogado Milton Fernando Talzi, que defende o compadre do presidente Lula. ¿Acho um absurdo a Polícia Federal passar informações para jornalistas de assunto sob sigilo de Justiça.¿

Na avaliação dos advogados, o alvo dos pedidos de prisão preventiva será uma minoria. Os policiais já identificaram diversos tipos de crime envolvendo a organização, entre eles contrabando, formação de quadrilha, tráfico de influência, tortura e corrupção ativa. Os enquadrados neste último, principalmente policiais civis e militares, poderão integrar a lista de pedido das prisões preventivas.