Título: 'Cumpri a missão', afirma ex-deputado
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2007, Nacional, p. A12

O ex-deputado Roberto Jefferson acha que fez o certo quando denunciou que o governo Lula pagava mesada a parlamentares para garantir apoio no Congresso. ¿Eu cumpri a missão. Penso que hoje o Brasil tem uma noção muito larga de como é feito esse processo político¿, diz o personagem central do caso do mensalão. ¿Quando não há um programa, um projeto político, quando é um acordo meramente do toma-lá-dá-cá resulta nisso a que estamos assistindo: escândalos, superfaturamento, corrupção nos ministérios, em estatais.¿

Indagado se os outros escândalos que surgiram após o do mensalão têm relação com aquilo que ele denunciou, Jefferson cita as negociações de cargos. ¿Olha, me perguntam por que um partido quer nomear diretor em uma estatal como a Petrobrás. Que política partidária é feita lá? É a intenção de fazer recursos para o partido, para o grupo político, apenas isso.¿

Jefferson acha que, nos últimos dois anos ficou mais difícil a prática de corrupção no Brasil. ¿Tudo ficou mais inibido. Há um cuidado muito maior, os sigilos estão abertos, ninguém mais tem privacidade. As ações policiais são feitas sem autorização judicial. As autorizações são pedidas depois que se pega alguma coisa dita no telefone. Ficou muito difícil.¿

VAVÁ

O ex-deputado comentou também a seqüência de operações da Polícia Federal, como a que investigou o irmão mais velho do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá. ¿Depois do caso Vavá vai ser o caso `vovocê¿. Aquilo ali é o seguinte, não há mais nenhum respeito aos direitos e garantias individuais e a sociedade começou a gritar, a partir do que disse o ministro Gilmar Mendes em clamor nacional contra o Estado policial¿, disse. ¿No momento em que prendem, que fazem uma invasão na casa do Vavá, dizem `mas o irmão do presidente foi investigado¿. Não acreditei. É para mostrar que Lula investigou.¿

Apesar do comentário, ele acha que houve excessos da Polícia Federal. ¿É um absoluto vilipêndio aos direitos e garantias individuais. Você quebra o sigilo de uma pessoa, procura 3 anos um defeito na vida dela, depois que é instaurado inquérito.¿

O grampo também foi criticado por Jefferson. ¿As operações não têm mais investigação, é só gravação de telefonemas. Desmoralizam a pessoa, arrebentam com a reputação, destroem, mas não vai a lugar nenhum criminalmente.¿