Título: UDR tacha de 'irreal' índice de produção de assentados
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2007, Nacional, p. A14

O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, contesta os dados de produção nos assentamentos da reforma agrária em São Paulo, divulgados pela Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp). Segundo levantamento do órgão, na safra 2004/05, a produção de 8.200 assentados atingiu o valor de R$ 91,7 milhões, com renda média bruta mensal de quase R$ 1 mil por lote. Para Nabhan, essa produção é ¿irreal¿.

O líder ruralista conta que sua propriedade, em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema, é vizinha de três assentamentos - São Bento, Estrela D'Alva e Bom Pastor. ¿Não vejo produção nenhuma lá¿, afirma.

Segundo os dados do Itesp, os assentados tiveram produção de leite no valor de R$ 33 milhões; de milho, R$ 8,6 milhões, e de mandioca, R$ 6,5 milhões. O instituto apurou ainda uma produção no valor de R$ 5,5 milhões com a cana-de-açúcar, mas, segundo Nabhan, em muitos assentamentos as terras são cultivadas em parceria com usinas ou seus fornecedores, numa forma de arrendamento disfarçado. Ele se diz particularmente descrente do volume de carne bovina produzida pelos assentados - 44 mil arrobas, no valor de R$ 2 milhões.

¿Gostaria de saber onde esses bois foram abatidos e como essa carne foi comercializada¿, afirma. De acordo com Nabhan, na medida em que considera os assentamentos como produtivos, o órgão estadual avaliza o modelo de reforma agrária do governo em São Paulo, que ele considera ¿falido¿.

¿Espero que os dados não sejam uma maquiagem para transformar a noiva feia numa bela mulher.¿ Se houvesse renda, diz Nabhan, os assentados não estariam deixando os lotes para trabalhar como bóias-frias, o que, garante, é quase regra geral. A UDR vai oficiar ao Itesp para obter informações detalhadas sobre o levantamento. ¿Vamos confrontar os números com os dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado para ver se essa produção existe ou foi superavaliada.¿ A UDR também vai checar na Secretaria de Fazenda do Estado para ver se a venda de gado foi feita de acordo com as normas tributárias. ¿O Itesp tem a obrigação de estimular a venda com nota¿, ressalta Nabhan.

O Itesp informa que a cana-de-açúcar ocupa apenas 7,95% da área cultivada. No Pontal, essa cultura ocupa o trabalho de 114 famílias e é uma atividade ¿normatizada¿ pelo órgão. O carro-chefe da produção dos assentados, segundo o instituto, é a produção de milho, feijão e mandioca, que responde por mais de 60% da área cultivada.

Ainda de acordo com o Itesp, 4.100 assentados praticam a pecuária e revendem no comércio local os descartes necessários para a manutenção do rebanho e composição de renda. Em média, cada família vendeu 5,3 arrobas, o que equivale a uma novilha de 80 quilos.