Título: Brasil está preocupado com calote venezuelano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2007, Economia, p. B5

O governo está preocupado com a atitude da Venezuela em atrasar o pagamento de importações do Brasil. No Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o alto escalão não esconde que a medida adotada no novo país membro do Mercosul poderá ser um ¿complicador¿ na relação comercial com as economias do bloco.

O Estado apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ordens expressas para que a equipe comercial do governo monte um plano para incrementar o fluxo de bens entre o Brasil e a Venezuela nos próximos meses. O plano está sendo desenhado neste momento e deve ser apresentado aos dois presidentes nas próximas semanas.

O plano, entretanto, vem em um momento em que os importadores venezuelanos estariam atrasando o pagamento de suas compras. Isso por causa da determinação de Caracas de liberar os créditos 90 dias após a importação.

Em Brasília, a percepção é de que se trata de uma medida que, embora não esteja escrita, é determinação do próprio governo do presidente Hugo Chavez.

Por enquanto, o MDIC não prevê nenhuma providência para tentar solucionar o caso com os venezuelanos. Assim, é o Itamaraty quem terá de lidar com mais esse problema envolvendo as relações entre a Venezuela e o Brasil.

DIFERENÇAS

Negociadores que participam do grupo que estuda medidas para incrementar o comércio entre os dois países reconhecem que o diálogo entre ambos os governos explicita cada vez mais as diferenças nos modelos econômicos adotados no Brasil e Venezuela.

¿Enquanto falamos em iniciativa privada, eles (venezuelanos) falam em empresas estatais¿, comentou um funcionário do Palácio do Planalto.

ARGENTINA

Além dos venezuelanos, o Brasil terá de enfrentar um nova disputa, e será com a Argentina. O país vizinho abriu ontem um caso contra o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa das salvaguardas impostas por Brasília contra a resina PET, usada em garrafas.

O Brasil agora será obrigado a responder aos árbitros da entidade máxima do comércio, mas pretende atrasar o quanto puder esse processo.

É previsto que o Brasil vete a abertura do caso no próximo dia 20, durante uma reunião em Genebra.

Os argentinos, entretanto, poderão pedir mais uma vez que o caso seja considerado, o que deve ocorrer no mês de julho. No âmbito da OMC, porém, tudo indica que a disputa poderá se arrastar por alguns meses.