Título: Stédile diz que Lula esconde crise social
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2007, Nacional, p. A9
Dois dos principais dirigentes do Movimento dos Sem-Terra (MST) voltaram a falar em mudança de poder no País, apesar de faltar mais de um ano para o fim do governo do presidente Lula, seu antigo aliado. O líder João Pedro Stédile disse que as mudanças são possíveis se ¿as massas forem para as ruas¿.
Segundo ele, o MST agora está num momento de acumular forças. ¿Mobilização sem crise econômica é muito difícil. Estamos num momento de descenso do movimento de massa, mas um dia vai haver uma reação.¿ Stédile traçou um quadro propício para a mobilização popular, mas acusou o governo Lula de ¿abafar¿ os efeitos da crise. ¿No meio do povo, a crise está sendo maquiada com o programa Bolsa-Família.¿
No mesmo evento, o 5º Congresso Nacional do MST em Brasília, o dirigente Gilmar Mauro disse que o movimento vai construir um novo ciclo ¿que ajudará que tenha uma revolução no Brasil¿. Dirigindo-se a mais de 10 mil sem-terra que lotavam o Ginásio Nilson Nelson, disse que não se fará reforma agrária sem mudar o poder no País. ¿O futuro da revolução brasileira depende de nós.¿ Ele resumiu a missão do MST: formar militantes para fazer a reforma agrária e estimular as classes operárias, as periferias e os morros para mudar o País.
Em conversa com jornalistas, Stédile reconheceu que o modelo de reforma agrária, ¿resultado de 20 anos de lutas¿, fracassou. Ele acusou Lula de ter descumprido compromisso assinado durante a marcha nacional em 2005, de liberar R$ 100 milhões para agroindústrias.
Contou ainda que o MST não vai parar as ocupações, mas terá novas formas de luta, principalmente contra o agronegócio. ¿Por exemplo, nosso sonho é desapropriar a Usina Cevasa, da Cargill, na região de Ribeirão Preto¿, disse Stédile. ¿Como não temos forma de desapropriar, vamos ocupar por um dia.¿