Título: Automóveis e eletroeletrônicos terão nova rodada de incentivos
Autor: Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2007, Economia, p. B3

O governo prepara um novo conjunto de medidas desta vez para estimular os investimentos nos setores automotivo e eletroeletrônico, informou ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, durante a entrevista para anunciar o pacote de ajuda aos setores mais atingidos pelo dólar barato.

Jorge não quis adiantar detalhes das propostas que estão sendo avaliadas, mas disse que elas são 'um pouco mais complicadas' do que as medidas anunciadas ontem. 'Não serão medidas para ajudar empresas', garantiu.

Segundo o ministro, o setor automotivo está chegando ao pleno uso da sua capacidade instalada e precisa fazer grandes investimentos, assim como o setor de autopeças.

'Até o fim do próximo ano, eles (as empresas automotivas) esgotarão a capacidade e é preciso definir as novas regras, pois esse setor tem necessidade de um ano e meio para programar seus investimentos, que implicam a importação de equipamentos', disse.

No caso dos eletrodomésticos, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, explicou que o objetivo das medidas em estudo pelo governo é o de desenvolver o setor para enfrentar a nova fase da tecnologia, que envolve a TV digital, a banda larga, a telefonia celular de terceira geração, entre outras inovações.

Segundo Coutinho, o governo pretende fortalecer a capacidade de oferta de equipamentos de alta tecnologia das empresas instaladas no País e fomentar o desenvolvimento de novas empresas nesse importante segmento da economia, especialmente aquelas comprometidas com processos de inovação.

Miguel Jorge e Coutinho não deram prazo para a conclusão dos estudos técnicos, mas sinalizaram que as medidas não vão demorar para sair. Os setores foram surpreendentemente incluídos no pacote de medidas destinado a ajudar as empresas mais prejudicadas com a queda do dólar.

A surpresa decorre do fato de que as empresas automotivas estão trabalhando a plena capacidade e não têm enfrentado problemas decorrentes da valorização do real.

Mesmo assim esses setores serão beneficiados pelo pacote e poderão aproveitar de imediato os créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade (Cofins) e do Programa de Integração Social (PIS) incidente na aquisição de bens de capital. Atualmente, as empresas apropriam o crédito na aquisição de bens de capital em 24 meses. Ou seja, pelo menos uma medida de estímulo aos investimentos desse setor já foi adotada ontem.

Um texto divulgado pelo Ministério da Fazenda apresenta uma explicação para a inclusão dos setores automotivo e eletroeletrônico entre os setores beneficiados pelo pacote de ontem. Segundo o documento, o conjunto de medidas adotadas destina-se ao 'fortalecimento industrial de setores intensivos em mão-de-obra'.