Título: Grampos comprometem irmão de Lula e oposição pede CPI
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2007, Nacional, p. A4

O vazamento do conteúdo dos 617 grampos feitos pela Polícia Federal para desbaratar a quadrilha dos caça-níqueis atingiu em cheio Genival Inácio da Silva, o Vavá, e acabou com o clima morno de feriado prolongado em Brasília. A oposição, antes cautelosa, agora quer instalar uma CPI para investigar as ramificações dos jogos ilegais no Brasil e esclarecer como o irmão mais velho do presidente Lula, sempre apoiado no parentesco, prometia vantagens, intermediava pedidos, pedia dinheiro.

As conversas transcritas pela PF vieram à tona na sexta-feira à noite. Mostram que Vavá citava o nome do irmão sem maiores cuidados, o que incomodava alguns integrantes do grupo investigado. Em uma conversa, é advertido por um interlocutor que o próprio presidente queria vê-lo, em Brasília.

Antes de cumprir 80 prisões, no que deveria ser uma ação em sigilo, a Operação Xeque-Mate já era de conhecimento de Dario Morelli Filho, amigo e compadre de Lula. Isso é o que indicam os grampos. Segundo a PF, Morelli é sócio do suposto chefe da máfia, Nilton Cezar Servo, em uma casa de jogo.

Morelli parece seguro de que seus contatos em Brasília resolveriam os problemas, até surgir ¿um pepino feio¿. Para a PF, ele sabia que o seu telefone era monitorado, alertou parceiros e, às vésperas da operação, levou Servo para falar com o ex-deputado petista Sigmaringa Seixas (DF).

Em Campo Grande, foram libertados 13 presos. Os demais, incluindo Morelli e Servo, tiveram a prisão prorrogada. De volta do exterior, Lula foi para o seu apartamento, em São Bernardo do Campo. Nada falou sobre a situação do irmão.