Título: Oposição pede CPI para investigar jogo
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2007, Nacional, p. A8

A descoberta de gravações ligando Genival Inácio da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao esquema irregular de jogos de azar investigado pela Operação Xeque-Mate, pode acelerar a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar jogos ilegais no País. Autor do pedido de instalação dessa CPI, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse ontem que a ligação de Vavá com donos de casas de caça-níquel, apontada por gravações feitas pela Polícia Federal, reforça a necessidade de levar a investigação adiante.

Sampaio disse que começou a colher assinaturas para a CPI logo que foi deflagrada a Operação Xeque-Mate. ¿Foi um trabalho silencioso, com base em fatos concretos¿, argumenta o deputado, que faz oposição ao governo federal.

Além de apurar a participação de Vavá no esquema, a investigação - já chamada de CPI dos jogos ilícitos - também vai apurar a proximidade de integrantes do Judiciário com as quadrilhas de jogos. Para Sampaio, a atuação de Vavá é o segundo caso em que parentes de Lula se valem do prestígio em proveito próprio. ¿O primeiro foi o Lulinha (Fábio Luiz da Silva, filho do presidente), favorecido por recursos de uma concessionária pública¿, lembrou.

A repetição do fato, acredita Sampaio, mostra que ¿Lula se cerca de pessoas, no relacionamento político e familiar, que só ajudam a desonrar sua biografia¿. Segundo Sampaio, o pior de tudo é que o presidente ¿nunca sabe de nada¿. ¿Virou até motivo de chacota, ele é sempre o último a saber, embora se trate de pessoas que estão a seu lado¿, lembrou.

Para o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), a atuação de Vavá com os caça-níqueis tem explicação. ¿Houve a primeira denúncia, dando conta que ele fazia tráfico de influência. Como ninguém fez nada, a impunidade lhe deu desenvoltura para agir¿, avalia.

Ele questiona por que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ignorou a suposta ligação do parente do presidente com um esquema criminoso. Agripino acredita que, diante de tal omissão, cabe agora ao Congresso investigar o caso, para impedir que a impunidade venha a favorecer o irmão ou qualquer outro parente do presidente.

Da parte dos aliados do presidente, o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), afirma que não resta na denúncia contra Vavá nenhum tipo de crítica à postura de Lula. E considera ¿inócua¿ e ¿fora de foco¿a iniciativa de criar outra comissão para aprofundar as conclusões da Polícia Federal na Operação Xeque-Mate.

¿O presidente foi muito claro ao frisar que tudo deveria ser investigado¿, ressalva. ¿O fato de parentes do presidente, de governadores, serem procurados por dezenas de pessoas não é bom que ocorra, mas infelizmente ocorre. Mas o presidente Lula e o governo não podem controlar o que Vavá e outros parentes falam¿, insiste.