Título: Nova tecnologia não tirou emprego dos arapongas
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2007, Nacional, p. A9

A PF não vive só do Guardião. Há em seus quadros arapongas especialistas no uso, por exemplo, da técnica tão velha quanto eficiente do disfarce. Há peritos em alarmes e especialistas em violações de fechaduras de portas, investigadores usados para entrar em escritórios, residências e esconderijos de suspeitos nas missões precursoras. A investigação tem várias faces, que podem incluir falsos carteiros, funcionários de companhias energéticas ou de água e saneamento, vendedores de cachorro-quente, garis, camareiras e garçons.

No desmonte recente de uma quadrilha internacional de traficantes de ecstasy, liderada pelo ítalo-brasileiro Michelle Tocci, vários agentes de inteligência se infiltraram em hotéis de luxo de Brasília, nos quais os traficantes se hospedavam. Lá, filmaram e observaram conversas dos bandidos, mexeram em malas e vasculharam guarda-roupas.

Outro recurso muito usado é a escuta ambiental, instalada em mesas de bares, banheiros de boates, escritórios, lugares preferidos dos investigados. As escutas, dependendo do lugar (escritório de advocacia, residência, por exemplo), exigem autorização judicial. São aproveitadas, também, quando possível, imagens gravadas por circuitos internos de edifícios, hotéis e espaços públicos.