Título: Partidos de centro e grupos extremistas passam a segundo plano
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2007, Internacional, p. A20

O bipartidarismo que deve marcar o novo Parlamento francês será marcado pela fraqueza da maior parte das legendas de oposição, reduzidas a partidos nanicos. Na prática, o governo Sarkozy terá ampla maioria para aprovar as primeiras medidas do projeto conservador, entre as quais o fim - não formal, mas prático - da jornada de trabalho de 35 horas semanais. Além de um PS desorganizado, o centro está desarticulado pela debandada de 21 deputados - rumo ao governo Sarkozy - que integravam o grupo do candidato de centro derrotado no primeiro turno François Bayrou. A saída encontrada pelo ex-presidenciável, que conquistara 18% dos votos, foi representar seu recém-criado Movimento Democrata (MoDem), formado por candidatos inexperientes e desconhecidos.

Isolado, Bayrou deve se eleger com tranqüilidade, mas será seguido de, no máximo, três correligionários.

A situação de fragilidade se repete nos extremos. À direita, a Frente Nacional (FN) de Jean-Marie Le Pen não deve eleger representante, reafirmando o encolhimento do partido verificado na eleição presidencial. À esquerda, o Partido Comunista (PCF), hoje com 21 eleitos, verá sua bancada reduzida para uma cifra entre 6 e 14 postos. O mesmo ocorrerá com o grupo ecologista, que pode obter entre uma e três cadeiras.

O conforto da UMP é tamanho que o primeiro-ministro de Sarkozy, François Fillon, garantiu que todos os ministros que também são candidatos e forem derrotados no domingo serão obrigados a deixar seus cargos. Mas da lista de 11 ministros candidatos - alguns dos quais expoentes do partido -, o único a correr risco, por ironia, é o 'número 2' do governo, Alain Juppé. Ex-primeiro-ministro e hoje titular da pasta de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Juppé é prefeito de Bordeaux e busca seu terceiro cargo público simultâneo. No seu distrito, entretanto, Ségolène Royal sagrou-se vitoriosa em abril e maio. Ele concorre com Michèle Delaunay, candidata pelo PS, a única que pode tentar desestabilizar a direita.