Título: Papa expõe a Bush temor por cristãos no Iraque
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2007, Internacional, p. A21
O papa Bento XVI disse ontem ao presidente dos EUA, George W. Bush, que gostaria de uma 'solução regional e negociada para os conflitos que afligem o Oriente Médio', destacando sua especial preocupação com 'as críticas condições em que se encontram as comunidades cristãs no Iraque'. A declaração foi feita no primeiro encontro dos dois desde que Bento XVI assumiu o papado, em 2005. Bush detalhou, mais tarde, que Bento XVI disse temer que a sociedade em desenvolvimento no Iraque possa acabar não tolerando a religião cristã. 'Ele está preocupado com relação aos cristãos no Iraque maltratados pela maioria muçulmana', afirmou o presidente horas depois do encontro, em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro italiano, Romano Prodi (ler abaixo mais informações sobre os cristãos no Iraque).
Bush e Bento XVI têm o mesmo ponto de vista em relação a questões como aborto e eutanásia, mas discordam sobre a guerra no Iraque. Em seu discurso de Páscoa, o papa afirmou que 'não há nada positivo no Iraque, dividido pela matança contínua e pela fuga da população civil'.
No encontro, Bush defendeu suas ações humanitárias, ressaltando o apoio americano para o combate à aids na África. O presidente prometeu ao papa trabalhar para que o Congresso eleve para US$ 30 bilhões, durante os próximos cinco anos, o auxílio para combater a doença no continente africano.
Durante a sessão de fotos antes do início de seu encontro reservado, Bento XVI perguntou a Bush sobre a reunião que manteve com outros líderes na cúpula do G-8 (os sete países mais industrializados e a Rússia), que terminou sexta-feira em Heiligendamm, Alemanha, país natal do papa.
Depois de Bush lhe responder que o encontro foi bom, o papa perguntou: 'A conversa com (Vladimir) Putin (presidente da Rússia) também foi boa?' Bush, observando fotógrafos e repórteres sendo retirados da sala, respondeu: 'Digo-lhe em um minuto.' Desde fevereiro, Moscou e Washington têm relações tensas por causa dos planos dos EUA de instalar um sistema de escudo antimísseis na Polônia e República Checa.
As atividades de Bush em Roma ocorreram sob forte aparato de segurança. Milhares de policiais foram enviados ao centro da cidade para conter os protestos realizados contra sua visita.
No Iraque, um ataque com caminhão-bomba contra um posto militar em Jurf al-Sakhar (100 km ao sul de Bagdá) matou ontem 12 soldados iraquianos e feriu 30.