Título: Brasil terá 30 mil quilômetros de novos trilhos até 2010
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2007, Economia, p. B4

Os megaempreendimentos do setor ferroviário devem elevar em 2 mil km a malha ferroviária brasileira até 2010. Com isso, o País passará a contar com 30 mil km de novos trilhos. Nessa expansão, estão incluídas as obras do Ferroanel de São Paulo, Transnordestina, Norte-Sul, além de alguns contornos de cidades e variantes para dar mais agilidade e eficiência ao sistema, afirma o diretor-executivo da Associação Nacional de Transporte Ferroviário (ANTF), Rodrigo Vilaça.

Segundo ele, a seqüência de obras tem um grande significado para o setor, que nos últimos anos viu sua malha encolher algumas centenas de quilômetros. 'Mas ainda é muito pouco perto do que deveríamos ter', ressalta. Na avaliação dele, o ideal seria o País contar com uma malha superior a 55 mil km. Além dos 2 mil km de expansão, o setor agora vai contar com a correia transportadora da MRS, que ampliará a capacidade do transporte ferroviário no Porto de Santos e, conseqüentemente, do Brasil.

Hoje, apenas 26% do transporte é feito por meio das ferrovias, o que explica o caos vivido nos terminais marítimos brasileiros em época de safra. Todos os anos, o retrato é o mesmo: gigantes filas de caminhões esperando para embarcar os produtos rumo ao exterior. Fato que eleva o chamado custo Brasil e reduz a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.

Um dos projetos que devem desafogar os portos do Sul e Sudeste é a Ferrovia Norte-Sul, em construção pelo governo federal. O empreendimento, que ligará o Centro-Oeste ao Porto de Itaqui, em São Luís, no Maranhão, em breve terá novidades. Segundo o presidente da Valec, Juquinha das Neves, responsável pelo projeto, o leilão de subconcessão de um trecho da ferrovia está previsto para ocorrer até o fim deste mês.

'A Valec e a ANTT (Associação Nacional de Transporte Terrestre) fizeram todas as correções recomendadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Portanto, não há mais por que esperar', diz o executivo. O leilão da ferrovia foi adiado mais de três vezes no ano passado. Alguns dizem que o preço não teria atraído investidores na época.

O modelo de subconcessão da Norte-Sul foi a forma encontrada pela Valec para fazer avançar a ferrovia, projeto lançado pelo ex-presidente José Sarney, na década de 80. O governo cogitou fazer Parceria Público-Privada (PPP), mas acabou optando pela subconcessão. Com o dinheiro arrecadado no leilão, a Valec pretende pagar empreiteiras contratadas para implantar a linha de 360 km entre Araguaína e Palmas, no Tocantins.

O projeto beneficiará nove Estados da região, desde o Maranhão até a Bahia, interligando os pólos de produção agrícola, mineral e industrial do Nordeste. O investimento total da Transnordestina está estimado em cerca de R$ 4,5 bilhões, envolvendo recursos da CSN, do BNDES, do Finor e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).

Enquanto os megaprojetos não são concluídos, as concessionárias têm cuidado do que está nas suas mãos. Só neste ano, afirma Rodrigo Vilaça, as companhias vão investir R$ 2,4 bilhões em manutenção da via, treinamento de pessoal, novas tecnologias e, principalmente, locomotivas e vagões para atender a uma demanda cada vez maior. A estimativa do BNDES é de que, até 2010, o sistema ferroviário receba cerca de R$ 12,5 bilhões em investimentos.