Título: PF avisa que laudo sobre empresas pode não ficar pronto até amanhã
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2007, Nacional, p. A6

Uma equipe de peritos da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas começou ontem a analisar a situação fiscal das empresas que teriam comprado gado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), segundo relação que ele entregou ao Conselho de Ética do Senado. A PF advertiu, no entanto, que o trabalho pode não ficar pronto a tempo de subsidiar a reunião do Conselho de Ética que votará a abertura de processo contra Renan, marcada para amanhã, o que pode provocar um novo adiamento da votação.

A análise começou com um exame no banco de dados da Secretaria de Fazenda. O trabalho prossegue hoje, com o auxílio de auditores da Fazenda estadual. A PF não está autorizada a interrogar os responsáveis pela emissão das notas, pois o caso não tem inquérito aberto.

A análise se limitará a responder às indagações do Senado sobre a autenticidade dos documentos apresentados pelo senador, explicou a assessoria da PF. Para acompanhar o trabalho dos peritos o diretor da Secretaria de Controle Interno do Senado, Shalom Granado, viajou ontem a Maceió.

O laudo da PF será parcial e não emitirá juízo de valor sobre a inocência ou a culpa de Renan no processo em que é acusado de quebra de decoro parlamentar. A PF informou que o senador não é alvo de investigação, o que dependeria de autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). A análise, portanto, se restringirá a uma contabilidade simplificada para checar se são autênticos os documentos de defesa que ele apresentou.

Renan entregou ao Senado cópias de notas fiscais, recibos e guias de transporte de animais para provar que o dinheiro usado para quitar despesas pessoais com a jornalista Mônica Veloso era de seu bolso, e não bancado pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.

A assessoria da PF explicou ontem que normalmente uma perícia fiscal demora uma semana, no mínimo. Mas, como se trata de laudo parcial para atender a uma demanda urgente do Senado, ela poderá ser concluída em menos tempo. Mas uma dificuldade adicional é que o trabalho estava sendo realizado num fim de semana.

Os documentos apresentados por Renan mostram que ele arrecadou R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos com a venda de gado. Os peritos verão se os documentos estão dentro do prazo de validade, se têm origem legal e se contêm rasuras, falsificações ou outros meios fraudulentos de emissão.