Título: Sarkozy vence, mas perde espaço
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2007, Internacional, p. A12

A União por um Movimento Popular (UMP), partido do presidente da França, Nicolas Sarkozy, teve ontem uma clara, mas não arrasadora vitória nas eleições legislativas do país, com a oposição liderada pelo Partido Socialista conquistando mais cadeiras do que o previsto pelos institutos de pesquisa.

A vitória, porém, não se estendeu ao ministro do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, Alain Juppé, o ¿número dois¿ dentre os homens de Sarkozy. Após perder o pleito no distrito de Bordeaux, Juppé pediu demissão do governo.

Na quinta-feira, institutos de pesquisa chegaram a projetar que a UMP e aliados da direita obteriam 415 das 577 cadeiras da Assembléia Nacional, enquanto a oposição de esquerda conseguiria até 149. Contudo, o resultado oficial, divulgado ontem pelo Ministério do Interior, mostrou que a direita elegeu 324 parlamentares.

Ainda que seja uma ampla maioria - o governo precisa de 249 votos para aprovar as reformas exigidas por Sarkozy -, a festa maior ocorreu na Rua Solferino, centro de Paris, sede do Partido Socialista, cuja bancada cresceu de 149 para 209 deputados.

¿Com esse voto, os franceses permitiram um maior equilíbrio na Assembléia Nacional. O voto foi também o primeiro de reprovação às medidas do governo¿, avaliou François Hollande, primeiro-secretário do PS, que também foi reeleito.

Os líderes da UMP viram a eleição por outro prisma. ¿O eleitor deu seu apoio a quem tem projeto. Precisaríamos de 249 cadeiras para ter a maioria na Assembléia. Conseguimos¿, disse Brice Hortefeux, ministro da Integração e da Identidade Nacional. Jean-Louis Borloo, ministro da Economia, referendou o discurso: ¿A maioria está aí, é ampla e unida.¿

Os grandes perdedores da votação de ontem foram o ultranacionalista Jean-Marie Le Pen, cuja Frente Nacional não elegeu nenhum representante, e o centrista François Bayrou, que não conseguiu repetir os 18% da votação para presidente. Seu partido, o Movimento Democrático, terá três deputados.

SEPARAÇÃO

Os socialistas Ségolène Royal e François Hollande anunciaram ontem que vão se separar. A separação de um dos casais mais famosos do país pode prejudicar os esforços do Partido Socialista de se reagrupar após a derrota de Ségolène nas eleições presidenciais de maio.